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    Polícia Civil tentou comprar confissão de miliciano em caso Marielle, diz Dodge

    Um documento detalha acusações de falhas e fraudes feitas pela ex-procuradora-geral da República Raquel Dodge contra as investigações do caso Marielle desenvolvidas pela Polícia Civil do Rio, que envolvem até a compra de confissão

    Procuradora-geral da República Raquel Dodge. (Foto: Nelson Jr./SCO/STF (12/09/2019))

    247 - Um documento obtido nesta quarta-feira pelo EL PAÍS detalha acusações de falhas e fraudes feitas pela ex-procuradora-geral da República Raquel Dodge contra as investigações do caso Marielle desenvolvidas pela Polícia Civil do Rio. As acusações foram feitas no pedido de federalização do caso, protocolado por ela no Superior Tribunal de Justiça no último dia em que ocupou o cargo, em setembro, e que está sob sigilo. O Tribunal ainda não decidiu sobre o caso e, questionada, a atual Procuradoria Geral, comanda por Augusto Aras, não respondeu se manterá o pedido de federalização, dizendo não adiantar "posicionamentos em temas que podem vir a ser objeto de manifestação de seus membros." A reportagem é do Portal El País Brasil.

    Mesmo poupando o Ministério Público Estadual do Rio das críticas de falhas e fraudes, Dodge colocou mais peso nas diferenças entre policiais civis, promotores, policiais federais e Ministério Público Federal sobre as linhas de investigação dos possíveis mandantes do crime, que seguem desconhecidos após mais de um ano e meio de investigações, com mudanças de comando e sobressaltos e divergências de versões.

    O último capítulo foi a iniciativa de policiais civis e promotores de verificar se havia o envolvimento do presidente Jair Bolsonaro com os supostos assassinos, porque um porteiro do condomínio afirmou em depoimento que no dia do crime um dos envolvidos, o ex-policial Elcio Queiroz , tinha pedido e obtido autorização do presidente para entrar no seu condomínio, num desdobramento revelado pelo Jornal Nacional na terça-feira. O próprio Ministério Público do Rio, no entanto, disse, nesta quarta, que as declarações do funcionários se contradizem com as gravações em poder das autoridades, ainda que restem dúvidas a respeito.

    O imbróglio sobre o depoimento do porteiro — e o vazamento dele à imprensa— não são exatamente uma novidade em uma investigação marcada por idas e vindas, onde já foram suspeitos um vereador, um miliciano encarcerado no período do assassinato. Do “perdão judicial” para milicianos em troca de confissões mentirosas ao delegado que teria orientado falsa testemunha, estes seriam sintomas de um quadro de “contaminação” quase generalizada do aparato policial, diz Dodge no documento.

    A reportagem ainda informa que,  com base nesta situação de descalabro, ela solicitou a federalização de parte do caso do assassinato da vereadora e de seu motorista Anderson Gomes. Para a ex-PGR há no Rio uma “relação de promiscuidade” entre as forças de segurança e os milicianos que impede que se chegue aos mandantes do crime. “Tal contaminação, além de gerar óbvia ineficiência (...) indica que existirão com absoluta certeza atividades deletérias [prejudiciais] feitas por criminosos infiltrados na Polícia”, escreveu.

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