Procurador da Lava Jato diz que Moro contaminou operação ao ir para o governo Bolsonaro
O procurador da Operação Lava Jato, Carlos Fernando dos Santos Lima, condena a ida de Sergio Moro para o governo de Jair Bolsonaro, logo no início do mandato. Ele considera Bolsonaro a pior pessoa para presidir o país neste momento e defende o impeachment como saída política
247 - O procurador Carlos Fernando dos Santos, que esteve na origem da Operação Lava Jato, em 2014, e foi um dos líderes da força-tarefa de Curitiba até 2018, é crítico em relação à ida de Sergio Moro para o governo de Jair Bolsonaro.
Pessoalmente eu manifestei a ele minha dúvida sobre se seria uma decisão correta”, diz em entrevista à Folha de S.Paulo nesta segunda-feira.
Carlos Fernando considera que a integração de Sergio Moro ao governo de "custou muito caro para a Lava Jato, obviamente, como movimento, porque contaminou uma discussão política desnecessária.”
Carlos Fernando considera Bolsonaro a pior pessoa para presidir o país neste momento, já cometeu crimes de responsabilidade e deve ser afastado da Presidência da República por meio do impeachment.
Carlos Fernando dos Santos afirma que "esse atual momento de pandemia, governar é tentar salvar vidas humanas", coisa que em sua opinião Bolsonaro não faz. "Ele quer transformar esse fato da natureza numa questão política, jogar o custo dela em cima de governadores e prefeitos. Falta para ele qualquer capacidade mínima para liderar um país num momento difícil". O ex-procurador da Lava Jato critica severamente o inquilino do Planalto, que "sabota a tentativa de outros que estão tentando fazer o mínimo para diminuir o custo dessa pandemia".
O ex-líder da força tarefa da Lava Jato em Curitiba critica que Bolsonaro incentive o armamento da população. "Imagine nessa situação em que temos dificuldade de controlar pessoas que se acham no direito de fazer valer as suas opiniões de forma violenta, se nós armássemos a população?" - questiona. "Nós teríamos milícias enfrentando milícias. O que também viola qualquer pacto constitucional".
Referindo-se ao suposto combate à "velha política", Carlos Fernando diz que Bolsonaro "fez um discurso que ele mesmo sabia que ele não iria cumprir. Eu creio que Bolsonaro é essencialmente um mentiroso, mas um mentiroso que mente de forma tão convictamente que ele acredita na própria mentira até o momento em que a desdiz".
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