Reuters Internacional destaca ataque sem provas de Jair Bolsonaro às urnas eletrônicas
Maior agência de notícias do mundo disse ainda que o extremista de direita pode tentar se recusar a entregar o cargo ao ex-presidente Lula, que lidera todas as pesquisas
247 – O correspondente Anthony Boadle, da agência de notícias Reuters, a mais importante do mundo, destacou, numa reportagem distribuída globalmente, que Jair Bolsonaro atacou o sistema eleitoral brasileiro sem apresentar provas e disse ainda que ele pode tentar se negar a entregar o cargo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera todas as pesquisas. Na reportagem, traduzida abaixo, Boadle faz algo que a imprensa brasileira ainda se nega a fazer, que é classificar Bolsonaro como um político de extrema direita. Leia abaixo:
BRASÍLIA, 18 de julho (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro convidou o corpo diplomático nesta segunda-feira para ouvir suas acusações de que o sistema eleitoral do Brasil estava aberto a fraudes antes das eleições de outubro, nas quais ele está atrás na disputa por um segundo mandato.
"O sistema é completamente vulnerável", disse ele a cerca de 40 diplomatas convidados a sua residência em um briefing sem precedentes três meses antes de uma eleição geral.
Bolsonaro não deu provas de fraude, mas disse que um hacker entrou no sistema de votação eletrônica durante a eleição que venceu em 2018, um incidente que a polícia concluiu não ter comprometido o resultado de forma alguma.
Bolsonaro disse aos enviados que os militares brasileiros deveriam ser chamados para ajudar a garantir a transparência nas eleições de 2 de outubro. Ele pressionou as autoridades eleitorais a aceitar uma contagem paralela de votos a ser realizada pelas forças armadas. Eles descartaram isso.
Os diplomatas presentes incluíram enviados dos Estados Unidos, União Europeia, França, Espanha e Portugal. A vizinha Argentina, cujo presidente é de esquerda, não foi convidada.
"Sabíamos o que ele ia dizer, isso não foi surpresa. Mas é bastante incomum reunir a comunidade diplomática para falar sobre uma questão doméstica", disse um diplomata que compareceu à Reuters.
Líderes da oposição pediram uma investigação de supostos crimes eleitorais cometidos por Bolsonaro, por seus ataques a um sistema que resultou em sua eleição por três décadas, como deputado e depois como presidente, e por usar a televisão pública para transmitir suas opiniões.
Autoridades dos EUA pediram aos brasileiros que confiem em seu sistema de votação e disseram que Bolsonaro deveria parar de lançar dúvidas sobre a votação eletrônica.
Bolsonaro, um nacionalista de extrema direita que disse que modelou sua presidência após a de Donald Trump, ecoou as alegações infundadas de fraude do ex-líder dos EUA nas eleições de 2020.
Ele questionou repetidamente as urnas eletrônicas do Brasil, argumentando sem provas de que elas são suscetíveis a fraudes, o que levantou temores de que ele possa se recusar a admitir a derrota, como Trump fez em 2020.
Suas tentativas de desacreditar o sistema eleitoral brasileiro, que vem sendo usado desde 1996 sem evidências de irregularidades, levaram seus oponentes a suspeitar que Bolsonaro pode se recusar a aceitar uma possível vitória do ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera por dois dígitos em pesquisas de opinião.
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