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    Ruralista já prevê boicote ao Brasil em razão da destruição da Amazônia por Bolsonaro

    "Vai custar caro ao Brasil reconquistar a confiança de alguns mercados internacionais". Quem afirma é o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Marcello Brito. A declaração reflete a preocupação dos ruralistas com o aumento do desmatamento da Amazônia no governo Jair Bolsonaro. "É questão de tempo" para um boicote a produtos do Brasil, avalia. O agronegócio movimenta mais de R$ 1,2 trilhão ao ano

    247 - "Vai custar caro ao Brasil reconquistar a confiança de alguns mercados internacionais". Quem avalia é que o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), o goiano Marcello Brito, CEO da Agropalma. A declaração reflete a preocupação dos ruralistas com o aumento do desmatamento da Amazônia no governo Jair Bolsonaro. "É questão de tempo" para um boicote a produtos do Brasil, avalia. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) havia alertado que a destruição em junho cresceu 88% e em julho 278% na comparação com iguais períodos de 2018. O agronegócio movimenta mais de R$ 1,2 trilhão ao ano e contribui com mais de 20% do PIB. 

    Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o ruralista demonstra as dificuldades de Bolsonaro em afinar as ideias com o setor. Para Marcello Brito, o agronegócio não precisa avançar sobre as terras indígenas, as ONGs não são o inimigo ("são mais um player da economia), a preservação custa (e os produtores deveriam ser remunerados por isso) e "a riqueza bioeconômica da Amazônia é incalculável".

    Por conta da destruição acelarada da Amazônia, a Alemanha anunciou a suspensão de quase R$ 155 milhões destinados a projetos de preservação ambiental no Brasil e a Noruega anunciou o bloqueio de cerca de R$ 133 milhões, destinados ao Fundo Amazônia. Este último país (escandinavo) é o maior financiador do fundo de proteção da Amazônia tendo doado cerca de R$ 3,69 bilhões para utilização em projetos de conservação ambiental em dez anos.

    De acordo com o presidente da Abag, "a alta do desmatamento é resultado de percepção". "Se se encara que a fiscalização diminuiu - e vamos ser sinceros, não diminuiu só por parte do governo federal, mas também pelos governos estaduais, porque está todo mundo quebrado. Se o presidente insiste em dizer que ambiente não é o foco dele, passa-se a percepção ao pessoal que pode desmatar", complementa.

    O dirigente afirma que a destruição da Amazônia "começa a mobilizar setores do agro que sabem que vai dar problema de acesso a mercado, no preço do produto". "Quando se personifica um setor como tudo que há de ruim em termos ambientais, ninguém ganha. Ataca-se o valor direto do seu produto. A pergunta é: a quem interessa transformar o Brasil em um pária ambiental do mundo?", pergunta.

    Questionado pela reportagem se "é questão de tempo que parem de comprar do Brasil", o presidente da Abag foi taxativo: "É questão de tempo".

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