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    "Tem gente aos montes, às baciadas, dizendo que estou trabalhando para o Moro", reage Fernando Morais contra "cancelamento"

    Jornalista e escritor, autor da biografia de Lula, protesta com firmeza contra reação de petistas que não gostaram de apoio dado a Jones Manoel (PCB)

    Luís Costa Pinto avatar
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    247 – “É um negócio muito rasteiro, muito mixo. Começa pelo seguinte: eu não sou filiado ao PT, não tenho obrigação de seguir orientação partidária”, disse o escritor Fernando Morais aos jornalistas Luís Costa Pintoe Eumano Silva no programa Sua Excelência, O Fato desta 5ª feira, 13 de janeiro. O programa foi transmitido ao vivo pela TV 247 e a íntegra está disponível em link abaixo. Na altura dos 59min25seg da entrevista, ele explicava a tentativa de “cancelamento” da qual vem sendo vítima, nas redes sociais, por parte de militantes de esquerda. O movimento se iniciou a partir do momento em que Morais declarou apoio ao historiador marxista, professor e youtuber pernambucano Jones Manoel. Candidato a governador de Pernambuco pelo PCB, sigla que tenta restaurar o velho Partido Comunista Brasileiro, Manoel terá o apoio do biógrafo de Lula na campanha.

    “Eu já estou acostumado com essa soberba, essa arrogância do PT. Porque isso parece Igreja. Se você, na Igreja, falar mal de Jesus Cristo, ou se fizer uma crítica ao Concílio Ecumênico Vaticano 2º, está cometendo um ato de heresia e isso vai dar em excomunhão”, comparou Fernando Morais na conversa ao longo do programa. “E, se bobear, vai para o inferno. Eu tenho medo de ser excomungado. Do PT, não. Porque eu não comungo, eu não me batizei, não me filiei. Mas, eu tenho medo de ir para o inferno por ter decidido apoiar o Jones Manoel”.

    “Já tinha visto isso no passado, na época da fundação do PT”

    Segundo o jornalista e escritor, postura semelhante ele já havia passado por experiência semelhante em 2020. “Quando anunciei que ia apoiar o Guilherme Boulos, do PSol, em São Paulo, para prefeito, e ele acabou indo para o 2º turno”, lembra, houve gritaria semelhantes, porém, mais localizada. O volume 1 da biografia de Lula, candidato a presidente pelo PT em 2022, ainda não tinha sido lançado. “Boulos foi ao 2º turno e não eras porralouquice minha. Estava no rumo certo’, ressalta.

    Morais comparou o momento atual, ainda, ao final dos anos 1970, época da fundação do Partido dos Trabalhadores. “Eu já tinha tido experiência semelhante com essa arrogância, essa soberba de pessoas do PT, logo no começo, na fundação do partido”, disse. “Quem não fosse do PT era tratado como ser inferior. Era tratado como um inimigo da humanidade. Como um parceiro da ditadura”.

    “Dizem que estou trabalhando para o Moro”, indigna-se Morais

    De acordo com ele, que insiste em divulgar suas opções eleitorais por meio de seus perfis (e é bom, louvável, que o faça) “tem gente aos montes, aos quilos, às baciadas, na internet, dizendo que eu estou trabalhando para o Moro”. Para esse, relatou ele, sem compreender, dizem que ao apoiar Jones Manoel em Pernambuco, estaria ajudando o ex-juiz (declarado suspeito e imparcial pelo Supremo Tribunal Federal) e ex-ministro de Jair Bolsonaro. “Eu, para replicar, anunciou também que dou o meu apoio no Rio de Janeiro ao Milton Temer, nosso colega jornalista que é candidato a deputado estadual pelo PSol”.

    Em anos eleitorais, Fernando Morais utiliza seus canais na internet e perfis nas redes sociais para declarar apoio político a determinadas personalidades por cujo trabalho tem admiração. “Na maioria das vezes”, ressaltou, “coincide de serem pessoas do PT, do PCdoB, do PSol. Mas, eu não tenho que satisfação nenhuma a ninguém das minhas posições políticas”.

    Lula, a liberdade para escrever e a dimensão dada por Bono Vox

    O escritor, autor da biografia “Lula”, cujo volume 1 já está nas livrarias e em venda pela internet (é o livro mais vendido na plataforma Amazon.com e é o título mais vendido no País desde dezembro) e tem o volume 2 em processo de conclusão, deixou claro que o ex-presidente, personagem sobre o qual está debruçado há uma década, jamais pediu para ler os originais da própria biografia. “Nunca interferiu, nunca pediu para saber a minha opinião sobre assunto ‘A’ ou ‘B’”, realçou. 

    Na altura de 1h06min45seg do vídeo, já no final do programa, Morais narrou uma história que mostra de forma contundente o diapasão liberal com o qual o ex-presidente petista lida com a informação e a opinião, ao contrário dos militantes que o atacam. “Lula não é uma girafa que tem os pés no chão e a cabeça nas nuvens”, pontuou. “Ele conversa com todo mundo”.

    Dando colorido ao que falava, narrou uma viagem à Inglaterra ocorrida no período em que coletava entrevistas para a biografia. “Em Londres, numas palestra paga pelos convidados, palestra aberta, o tema era: ‘qual é o milagre que o senhor realizou para tirar 40 milhões de pessoas da fome, da miséria, sem dar um tiro, sem botar uma única pessoa na cadeia, sem dar um tapa na orelha de ningué,’?”, explicou contextualizando o evento. “Lula estava num café e chegou o Bono Vox, guitarrista do U2. Os dois ficaram conversando, falaram muito, até que chegou outra pessoa que o Lula teve de atender. Ele me pediu para descer com o Bono. Desci. Quando chegamos diante de jornalistas, Bono declarou para eles: depois da morte de Nelson Mandela, neste planeta, só existe uma pessoa capaz de conversar com branco e com preto; com rico e com pobre; com gordo e com magro. Essa pessoa é o Lula”.

    O episódio com Bono Vox em Londres estará no volume 2 da biografia “Lula”. Ao usá-lo no programa, Fernando Morais quis mostrar com gestos práticos da maior liderança de esquerda no Brasil (e assim reconhecida em muitos países do mundo), que a militância precisa exercitar a tolerância. “Aos poucos, aprendem”, ressaltou o autor já fora do ar, durante bate papo no estúdio de gravação.

    No link, íntegra do programa Sua Excelência, O Fato na TV 247:


     

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