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    "Vontade" de Janot de matar Gilmar Mendes não pode ser classificada como crime, diz Dallagnol

    Coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol disse estar surpreso com a atitude do ex-procurador geral da República Rodrigo Janot, que revelou ter ido armado a uma sessão do STF para assassinar o ministro Gilmar Mendes. “A gente não pode punir alguém por pensamentos”, disse Dallagnol, no entanto, saindo em defesa do ex-chefe

    (Foto: ABr | STF)

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    247 - O procurador e coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, disse ter ficado “surpreso” com a declaração do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, que revelou ter ido armado à uma sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) para assassinar o ministro Gilmar Mendes e se suicidar logo em seguida. 

    Dallagnol, contudo, disse que a “vontade” de matar manifestada por Janot não pode ser classificada como um crime. “A gente não pode punir alguém por pensamentos”, disse Dallagnol nesta segunda-feira (30), em entrevista à Rádio Jovem Pan. 

    Dallagnol também disse considerar “exagerada” a reação do STF que, por meio de uma determinação do ministro Alexandre de Moraes, autorizou o cumprimento de mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Janot, além da suspensão de seu porte de armas e proibiu que ele se aproxime dos ministros da Corte. 

    “Sem minimizar a gravidade, o que me preocupa mais não é que isso tenha passado pela cabeça dele, me preocupa a reação totalmente destemperada do STF. Faltou jurisdição, a gente estuda que a simples cogitação de fazer algo errado não é errado, não é crime. Se alguém cogitar roubar um banco, matar alguém, por pior que seja o crime, não é punível. A gente não pode punir alguém por pensamentos”, disse Deltan.

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    Ainda segundo ele, Janot é uma pessoa “equilibrada e ponderada”. “Posso falar do Janot que conheci. Lembro de uma conversa que tive com ele, que nunca saiu da mente, em que ele disse: ‘Deltan, sabe o que os ministros do STF esperam de um procurador-geral? Eles não esperam que eu seja fraco ou forte, mas sim que eu seja equilibrado e ponderado’. Isso é o que eu sempre vi em Janot, e essa declaração destoou do que vi”, disse. 

    “A fala [de Janot] contraria a ideia civilizatória segundo a qual temos que buscar resolver desavenças na Justiça, e contraria o princípio cristão segundo o qual devemos querer bem os que nos querem mal, orar por quem nos persegue, mas é muito fácil julgar de fora sem ter vivido o que ele viveu”, completou em seguida. 

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