Lula destaca papel do Japão no desenvolvimento do Brasil e pede engajamento na COP 30

247 - Durante jantar oferecido pelo Imperador Naruhito e pela Imperatriz Masako, na noite desta terça-feira (25), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ressaltou os laços históricos e estratégicos entre Brasil e Japão, que completam 130 anos de relações diplomáticas em 2025. A visita de Estado, a primeira recebida pelo Japão desde 2019, marca um momento simbólico de reaproximação entre os dois países e reforça compromissos comuns em torno da paz, da democracia, do multilateralismo e do desenvolvimento sustentável. 

Ao lado da primeira-dama, Janja da Silva, e de uma ampla comitiva formada por ministros, parlamentares e empresários, Lula participa de uma série de compromissos em Tóquio até quinta-feira (27), com o objetivo de fortalecer a Parceria Estratégica Global entre os dois países, estabelecida em 2014. Em seu discurso, o presidente exaltou a contribuição da cultura e da tecnologia japonesas para diversas áreas da sociedade brasileira.

“Comemoramos 130 anos de relações diplomáticas, sustentados pelo respeito mútuo e pela colaboração contínua. Nossas trajetórias se entrelaçam e se reforçam. O Brasil hospeda a maior comunidade nikkei fora do Japão. É imensurável a contribuição japonesa para a economia, a agricultura, a industrialização e a cultura brasileira”, afirmou Lula, em fala que destacou o peso da imigração japonesa na formação do país.

O presidente também lembrou que muitos brasileiros vivem atualmente no Japão, formando uma comunidade forte e integrada, e reforçou a importância de um diálogo cada vez mais estreito entre os dois povos: “com força criativa que se soma ao espírito inovador japonês”.

Lula aproveitou ainda para retomar um trecho do discurso do então príncipe-herdeiro Naruhito, em visita a Brasília em 2018, quando o atual imperador alertou sobre a urgência de se garantir o acesso sustentável à água e ao saneamento básico. “Suas preocupações não poderiam ser mais atuais e relevantes. Como país que abriga a maior floresta tropical e reserva de água doce do mundo, o Brasil está comprometido com um modelo de sustentabilidade baseado na inclusão social. Contamos com o firme engajamento do Japão na COP 30, em Belém do Pará”, destacou Lula.

A terça-feira também foi marcada por um encontro reservado entre Lula e o Imperador Naruhito no Palácio Imperial e por uma reunião com empresários brasileiros do setor de carnes, que buscam ampliar as exportações para o Japão. Nesta quarta (26), a agenda presidencial é intensa, com participação no Fórum Empresarial Brasil-Japão e reunião com sindicatos japoneses. A comitiva brasileira inclui representantes dos setores de alimentos, agronegócio, bebidas, energia, aeroespacial, siderurgia e logística.

No fim do dia, Lula terá encontro com o primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, no Palácio Akasaka. Os dois chefes de governo participarão de uma cerimônia de assinatura de acordos bilaterais, seguida por jantar oficial. Estão previstas parcerias nas áreas de ciência e tecnologia, educação, combustíveis sustentáveis, recuperação de pastagens, pesca e desenvolvimento agrícola.

A visita de Estado termina na quinta-feira (27), quando o presidente parte para Hanói, no Vietnã, dando sequência à viagem oficial pela Ásia.

Parceria econômica sólida - A relação Brasil-Japão também é marcada por laços econômicos expressivos. O Japão é atualmente o nono maior investidor estrangeiro no Brasil, com um estoque de aproximadamente US$ 35 bilhões, alta de 24% em relação a 2022. Só no setor automotivo, os investimentos anunciados recentemente por empresas japonesas são significativos: a Toyota deve aportar R$ 11 bilhões até 2030, enquanto a Honda prevê R$ 4 bilhões no mesmo período.

Em 2023, o intercâmbio comercial entre os dois países atingiu US$ 11 bilhões, com superávit brasileiro de US$ 146,8 milhões. O Brasil exporta principalmente carne de aves, carne suína, alumínio, celulose, café e minério de ferro, enquanto importa peças e acessórios automotivos, instrumentos de medição e motores industriais.

Além dos números, os vínculos humanos também sustentam a relação bilateral: o Brasil abriga a maior população nipo-descendente fora do Japão, estimada em mais de 2 milhões de pessoas. Por outro lado, cerca de 210 mil brasileiros vivem atualmente em território japonês.