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      Ministros do BRICS apoiam financiamento climático e cobram atualização de metas para a COP30

      Declaração conjunta defende novas NDCs e mais recursos para países em desenvolvimento; Brasil destaca Fundo Florestas para Sempre como inovação

      André Corrêa do Lago, presidente da COP 30, participou da abertura da reunião ministerial de Meio Ambiente do Brics, ao lado da ministra Marina Silva, no Itamaraty. (Foto: Isabella Castilho/BRICS Brasil)
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      247 - Os ministros do Meio Ambiente dos países que integram o BRICS aprovaram nesta sexta-feira (4), em Brasília, uma declaração conjunta com diretrizes para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em novembro, em Belém (PA). Segundo informações divulgadas pelo governo brasileiro, o documento ressalta a necessidade de atualizar as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e reforça a cobrança por financiamento climático adequado para países em desenvolvimento.

      “O BRICS representa quase 50% da população mundial e quase 40% do PIB mundial. Então, é um grupo de importância absolutamente capital, do ponto de vista tanto geopolítico como econômico. E naturalmente, quando a gente fala de econômico, tem tudo a ver com a questão da mudança do clima”, afirmou o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, durante a reunião ministerial realizada no Palácio do Itamaraty.

      A reunião dos ministros reforça o alinhamento do BRICS com as prioridades da presidência brasileira da COP30, especialmente no que diz respeito à aceleração da implementação de medidas climáticas. “A gente viu o apoio muito forte dos BRICS à COP30 e agradecemos muito”, disse a secretária-executiva da conferência, Ana Toni. “O espírito que o Brasil está trazendo, de aceleração da implementação das ações climáticas, também se vê no BRICS.”

      A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, destacou o papel dos países do BRICS na construção de uma resposta global à crise climática: “Como estamos no ano da COP30 e considerando que os nossos países representam metade da população e mais de 30% do PIB global, temos um peso muito importante.”

      Financiamento climático e inovação brasileira

       A declaração aprovada pelos ministros do BRICS enfatiza a necessidade de ampliar o financiamento climático internacional. O grupo cobra que os países desenvolvidos cumpram sua responsabilidade de aportar recursos — compromisso que avança lentamente. Na COP29, em Baku, o valor pactuado ficou em apenas US$ 300 bilhões, distante da meta de US$ 1,3 trilhão até 2035.

      “A agenda de financiamento é sempre muito enfatizada, sobretudo porque é uma reunião de países em desenvolvimento”, pontuou Marina Silva. Segundo ela, ainda que parte dos países do BRICS tenha implementado políticas climáticas com recursos próprios, a mobilização de fundos internacionais segue sendo fundamental.

      Nesse contexto, o Brasil apresentou aos parceiros do BRICS uma proposta considerada inovadora: o Fundo Florestas para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). A iniciativa pretende preencher uma lacuna na estrutura de financiamento internacional, focando especificamente na conservação florestal — área que ainda carece de um mecanismo formal.

      “O TFFF é uma proposta brasileira que procura resolver um problema ainda não resolvido”, explicou Corrêa do Lago. “Existem mecanismos para combate ao desmatamento, como o Redd+, e para restauração, como o mercado de carbono. Mas não havia um sistema focado exclusivamente na conservação.”

      Transparência e esforços conjuntos

      Durante a reunião, o BRICS também aprovou a elaboração de um relatório para mapear quanto cada um dos onze países-membros já investe em mitigação e adaptação climática. A medida visa dar mais transparência às ações em curso e fortalecer a cobrança sobre os países desenvolvidos.

      “Essa contabilização é importante para os países entenderem qual tem sido a contribuição deles, mas sem tirar a responsabilidade dos países desenvolvidos”, afirmou Ana Toni. “A gente não está esperando o recurso vir, mas já está gastando recursos, por exemplo, no combate ao desmatamento.”

      Atualização das NDCs é prioridade

      Um dos pontos centrais do documento é a chamada para que os países atualizem suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), metas climáticas previstas no Acordo de Paris. Até o momento, apenas o Brasil e os Emirados Árabes Unidos — entre os membros do BRICS — apresentaram atualizações.

      “O Brasil fez sua lição de casa e apresentou em Baku a meta de diminuir entre 59% e 67% as emissões de gases de efeito estufa até 2035, em comparação com 2005”, reforçou Marina Silva.

      O prazo para submissão das novas metas termina em setembro. Para acelerar o processo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em articulação com o secretário-geral da ONU, António Guterres, convocará uma reunião com diversos países ainda em abril. “Esse trabalho de estimular que os países, o mais rápido possível, mas com qualidade, mandem suas NDCs é um esforço que o presidente Lula e o secretário-geral Guterres têm feito permanentemente”, concluiu Ana Toni.

      A expectativa é que essas articulações fortaleçam a posição do Brasil na COP30, consolidando o país como liderança global na agenda climática e impulsionando compromissos mais ambiciosos em escala internacional.

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