Neurocientista alerta: coronavírus causa distúrbios neurológicos até em pacientes com sintomas leves
De acordo com o neurocientista Daniel Martins-de-Souza, do Instituto de Biologia da Unicamp, "pacientes com sintomas leves apresentam alterações na estrutura cortical, e isso está associado à depressão, ansiedade e até mesmo a déficits cognitivos"
247 - O neurocientista Daniel Martins-de-Souza, do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), afirmou que o coronavírus ameaça levar ao crescimento do número de pessoas acometidas por distúrbios neurológicos, de depressão a problemas de memória.
"A Covid-19 pode afetar o sistema nervoso central. Sabemos que 30% das pessoas com Covid-19 apresentam sintomas neurológicos, isso é muito grave. Pacientes com sintomas leves apresentam alterações na estrutura cortical, e isso está associado à depressão, ansiedade e até mesmo a déficits cognitivos. Com mais gente adoecendo, mais pessoas sofrerão esses problemas", disse. Seus relatos foram publicados pelo jornal O Globo.
"Esperamos que nosso trabalho sirva como alerta. Nossos dados mostram o quão perigoso é se expor ao coronavírus ou 'querer pegar logo isso para ficar livre'. Mas, se nessa de pegar logo, a pessoa sofre uma complicação neurológica? Nossa pesquisa mostra que é melhor fugir dessa ideia. Não dá para predizer quando a 'gripezinha' vai se transformar num distúrbio neurológico. Não tem como saber", acrescentou.
O estudioso é um dos coordenadores do grupo de cientistas de várias instituições brasileiras que descobriu mudanças na estrutura do córtex cerebral.
Além da Unicamp, o estudo brasileiro contou com a Universidade de São Paulo (USP) em colaboração com o Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (Idor) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O córtex está ligado a funções como consciência, memória, linguagem, cognição e atenção. Alterações no córtex acontecem em doenças neurodegenerativas graves, como os males de Alzheimer e Parkinson. E, por isso mesmo, os cientistas pretendem acompanhar as pessoas examinadas no estudo de Covid-19 por dois anos, para detectar se houve sequelas.
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