Luana Araújo diz que teve promessa de autonomia de Queiroga, que a afastou logo depois
A médica infectologista Luana Araújo informou em sua fala inicial na CPI da Covid nesta quarta que recebeu promessa de autonomia no cargo de secretária de Enfrentamento à Covid do Ministério da Saúde. Mas o ministro Marcelo Queiroga a afastou dez dias depois
247 - Em depoimento na CPI da Covid, nesta quarta-feira (2), a médica infectologista Luana Araújo afirmou que teve promessa de autonomia do ministro Marcelo Queiroga, com o objetivo de coordenar os esforços do governo federal para combater a pandemia, e ajudar na interlocução com estados, municípios e técnicos. Ela foi anunciada como secretária de Enfrentamento à Covid do Ministério da Saúde, mas foi afastada dez dias depois por Queiroga, por ordem de Jair Bolsonaro - ela não chegou a tomar posse.
"Vim a Brasília para entender em que condições poderia ajudar o meu país. O que o ministro [Queiroga] me apresentou foi um projeto sólido, baseado em evidências, e a necessidade de alguém técnico para conduzir os trabalhos [...] Aceitaria conquanto me fosse garantida a autonomia necessária", complementou. “Pleiteei autonomia, não subordinação ou anarquia”.
A médica também disse que "a pandemia é sobretudo uma crise de confiança”.
Em sua fala, a infectologista afirmou que a situação é “intolerável”. “Pelos nossos erros todos perdemos a confiança do povo”.
Quem é Luana Araújo
Luana Araújo já apontou diversas vezes os problemas no combate à pandemia da Covid no Brasil e que a hidroxicloroquina não funciona contra a doença. Em sua conta no Twitter, a infectologista já se referiu ao uso da substância como “neocurandeirismo” e afirmou que o “Brasil está na vanguarda da estupidez mundial“.
Em entrevista publicada em fevereiro de 2021, no site da Universidade Johns Hopkins, Luana afirmou que já chegou a ser ameaçada de morte ao alertar sobre o fato de o medicamento amplamente sugerido pelo presidente não ter eficácia científica comprovada.
Luana Araújo se formou em medicina pela UFRJ, em 2006. No ano seguinte, iniciou sua residência médica em infectologia.
Ela passou a atuar como médica infectologista no Instituto Nacional Evandro Chagas, da Fiocruz, em 2009. Em 2020 prestou consultoria em saúde para o Banco Mundial.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou no dia 12 de maio a nomeação de Luana Araújo para a Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid.
A infectologista trabalhou na função por 10 dias, até 22 de maio. Ela pediu exoneração do cargo.
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