Caetano Veloso lamenta morte de Antonio Cicero e celebra coerência de sua decisão por morte assistida
Em carta emocionada, músico destaca amizade e lucidez de Cícero, que optou por morte assistida na Suíça
247 - O cantor Caetano Veloso se despediu de Antonio Cicero em uma carta emocionante divulgada nesta quarta-feira (23), publicada pelo G1.O compositor e filósofo, que sofria de Alzheimer, se submeteu a um procedimento de morte assistida na Suíça, e Caetano refletiu sobre a decisão de Cícero, afirmando que ela "enfatiza seu pensamento" e sua visão de mundo. Cicero, conhecido por sua lucidez e coerência, deixa um legado profundo na música e na filosofia brasileira.
Antonio Cicero, de 79 anos, era uma figura importante da cultura brasileira, tendo se destacado por suas colaborações com a irmã, a cantora Marina Lima, e por suas obras filosóficas. Caetano, em sua carta, expressou tristeza pela perda física do amigo, mas também orgulho pela coerência de Cicero ao decidir por uma morte digna. “Cicero foi meu melhor amigo, a pessoa mais correta que conheci. O afeto de amizade mais límpido que se possa imaginar. E uma inteligência luminosa”, escreveu Caetano.
O escritor e poeta carioca foi um dos maiores pensadores de sua geração, formado em Filosofia pela Universidade de Londres, com obras que permanecerão vivas através de suas canções e textos. Em uma última mensagem, Cicero destacou a importância de viver e morrer com dignidade, um desejo que ele concretizou ao optar pela eutanásia. Caetano, em sua homenagem, também lembrou a importância da irmã de Cicero, Marina Lima, e o impacto de suas colaborações artísticas.
Leia a carta na íntegra:
Ao acordar, fiquei sabendo de Antonio Cicero. Recebi mensagem dele, onde a coerência e a lucidez, que sempre foram características do meu amigo filósofo e poeta, impressionam, mas não desfazem a tristeza que sua ausência física me causa.
Cicero foi meu melhor amigo, a pessoa mais correta que conheci. O afeto de amizade mais límpido que se possa imaginar. E uma inteligência luminosa.
Marcelo, seu marido de tantos anos, deve entender minha tristeza e também meu orgulho pela coerência de Cicero. Sua irmã Marina pôs música em um poema seu e dali saiu um longo e brilhante repertório de canções. Ela também deve me entender.
Adoro o desaforado livro de filosofia em que Cicero louva Descartes em época pós-estruturalista. Morrer por decisão própria enfatiza seu pensamento. E sua poesia.
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