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    Poemas de terror, um grito de resistência política e poética

    Angélica Torres Lima lança obra que une rebeldia e lirismo, refletindo sobre uma década de desafios globais e pessoais

    Angélica Torres Lima (Foto: André Lavenère)
    Camila França avatar
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    Cristiano Torres (247) - Em Poemas de tError, a poeta e jornalista Angélica Torres Lima abre uma Caixa de Pandora de memórias coletivas, mesclando indignação, medo, solidão e esperança em versos que testemunham os últimos dez anos de turbulências políticas e sociais no Brasil e no mundo. O livro, que será lançado no dia 31 de março, data que marca o golpe militar de 1964, no Beira Cultural, em Brasília, é um convite à reflexão sobre o poder libertador da poesia diante do autoritarismo. A obra, segundo a autora, é fruto de um longo exercício artístico e de sua atuação no jornalismo independente, onde registrou, em versos, os fatos que marcaram uma geração.

    Inspirada na realidade, Angélica Torres Lima transforma golpes políticos, a pandemia, desigualdades sociais, racismo, guerras e genocídios em matéria-prima para sua poesia engajada. Em um dos poemas, ela homenageia Moïse Kabagambe, refugiado congolês assassinado em Copacabana em 2022, e também dá voz às crianças palestinas, convertendo suas tragédias em esperança por um futuro melhor. “Mas eu já sabia: as alminhas crianças/da Palestina vieram brincar nos céus/de Brasília escrevendo nos ares/com suas asinhas: ‘Martírio? Não mais! Chegou nossa hora: Livres agora!’”, escreve a poeta.

    A autora não hesita em tomar partido na polarização política que divide o Brasil há mais de uma década. Em seus versos, ela nomeia os responsáveis pelas mazelas nacionais, dialogando intertextualmente com ícones como Jimi Hendrix, Castro Alves, João Gilberto e Maiakovski. “É minha contribuição à História. Cobri o período no jornalismo independente e, ao mesmo tempo, fui registrando em versos o vivido”, afirma Angélica.

    Poemas de tError
    Poemas de tError

    Dividido em quatro blocos – Ruínas, Coronados, Duro Mundo e Error –, o livro transita entre as querelas políticas e sociais e as angústias mais íntimas e individuais. A solidão noturna, típica de espíritos atormentados pelas agruras do mundo, permeia muitos dos poemas. No posfácio, a poeta e jornalista Ana Maria Lopes, editora do coletivo Maria Cobogó, destaca que Angélica “liberta os temores de uma geração, redimindo-os de seu esquecimento e tornando-os atemporais em benefício da História e dos fatos”.

    Ana Maria Lopes ainda ressalta que, nos quatro capítulos, a memória é um campo de conflitos, mas que não impede a autora de estabelecer fronteiras entre o terror e a esperança. “É quando a poeta se rende à ternura. Onde os ‘generais do asfalto’ e os ‘capitães do mato’ dão lugar ao enfrentamento e ao amor”, explica.

    Com mais de 40 anos de trajetória profissional e 50 dedicados à poesia, Angélica Torres Lima já publicou obras como Sindicato de Estudantes (1986), Solares (1988), Paleolírica (2000) e Diminutos, haicai à brasileira (2023). Sua produção literária, marcada por um forte engajamento político e social, consolida-a como uma das vozes mais importantes da poesia contemporânea brasileira.Poemas de tError é, acima de tudo, um chamado à resistência. Como escreve Angélica: “Reaja mulher!/A vida flutua da lida à prosa/da noite trevosa à luz do poema/na entrelinha sempre/intensa e amorosa./Lê o Rosa. Sê como a Rosa/Luxemburgo: forte luzidia grandiosa”.

    Serviço: 

    O lançamento do livro acontece no dia 31 de março, às 18h, no Beira Cultural, Bar Beirute da 109 Sul, em Brasília.

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