BC atua para conter saída de dólares, mas nega tentativa de segurar câmbio

247 - Quem acredita que o Banco Central (BC) está tentando manter o dólar abaixo de R$ 6 pode estar equivocado. Segundo traders consultados pelo Uol, a verdadeira intenção da autoridade monetária é equilibrar o forte fluxo de saída de dividendos para o exterior neste fim de ano.

Ainda de acordo com a reportagem, empresas estão enviando mais recursos ao exterior do que o previsto, motivadas pelo temor de uma eventual tributação de dividendos. A principal razão é a possível correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), anunciada pelo governo como parte do pacote fiscal. O mercado especula que, para financiar essa medida, o Ministério da Fazenda, liderado por Fernando Haddad, pode implementar a taxação dos “super ricos” já a partir de 2025.

Diante desse cenário, empresários estão antecipando a remessa de lucros para evitar impostos futuros. Para evitar uma disfuncionalidade no mercado de câmbio, o BC passou a realizar leilões de liquidez na semana passada. Apenas nesta segunda-feira, foram vendidos US$ 4,6 bilhões.

Em declarações recentes, o futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo, afirmou que o banco “não vai segurar o dólar no peito”, reforçando uma posição que continua válida. Fontes da instituição afirmam que tentar controlar o câmbio de forma permanente seria ineficaz para um país com regime de câmbio flutuante.

Além disso, o dólar permanece forte no mercado internacional, enquanto o Brasil enfrenta incertezas fiscais internas. Sem um controle efetivo das despesas públicas dentro dos limites do novo arcabouço fiscal, as expectativas econômicas dificilmente melhorarão. O governo Lula ainda tem uma semana decisiva no Congresso para votar um pacote fiscal já considerado insuficiente por especialistas.