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    'Brasil deve fortalecer laços comerciais com os EUA, mas sem descuidar de outros países', diz presidente da Apex

    "A partir do momento em que os Estados Unidos resolveram diminuir a dependência deles da China, abriram oportunidades para outros", disse Jorge Viana

    Presidente da Apex-Brasil, Jorge Viana (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

    247 - O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana, afirmou que apesar dos fortes laços comerciais do Brasil com os Estados Unidos, segundo maior parceiro comercial do país, o país não pode deixar de olhar para nações como China, Índia e blocos como a União Europeia.

    “Podemos buscar uma estratégia mais objetiva com os Estados Unidos, porque desde 2018 eles vivem uma guerra comercial com a China — antes, 23% de tudo que importavam era da China, agora esse número caiu para 14%. Eles procuraram diversificar as fontes de importações. O Brasil não tem que entrar em guerra comercial com ninguém, mas pode aproveitar essa guerra para suceder à China. E podemos acelerar o passo”, disse Viana ao jornal O Estado de S.Paulo

    Os Estados Unidos ocupam atualmente o posto de segundo maior parceiro comercial do Brasil, ficando atrás apenas da China, e são a principal origem dos investimentos estrangeiros diretos no país. Neste sentido, a ApexBrasil lançou o "Perfil País Estados Unidos", um estudo que identifica 931 oportunidades de negócio para produtos brasileiros no mercado norte-americano. 

    “Os Estados Unidos são o segundo destino de tudo que exportamos, só atrás da China. Nós exportamos US$ 36,9 bilhões de dólares, mas, diferente da China, muitas vezes são produtos com valor agregado maior, como aviões da Embraer. Só aqui, os aviões da Embraer transportam 5 milhões de passageiros por ano, cerca de mil aviões brasileiros voam nos EUA. Acreditamos, inclusive, que é possível trabalhar na área de defesa com modelos como SuperTucanos e C-390 Millenium. Tem uma cadeia de exportação para os EUA de manufaturas, com muito valor agregado, enquanto para a China são principalmente commodities. O fluxo de comércio com os EUA é deficitário, tem uma espécie de interdependência, mas pode melhorar. No ano passado, o déficit foi de cerca de US$ 1 bilhão, em 2022 tinha sido de US$ 13 bilhões”, ressaltou. 

    Ainda conforme Viana, “a partir do momento em que os Estados Unidos resolveram diminuir a dependência deles da China, abriram oportunidades para outros, e quem está aproveitando bem é o México. O Brasil pode montar uma estratégia de competir para fornecer produtos industrializados, já que tem uma logística muito boa para transportar para cá. Ainda neste semestre, devemos lançar um mapa de oportunidades entre Brasil e EUA, com mais de mil temas ou setores para o fluxo de comércio entre os dois”.

    Para Viana, o Brasil não pode “incorrer no erro” de achar que o resultado da eleição dos EUA deverá impactar nas relações comerciais entre os dois países. “O Brasil incorreu nesse erro em anos recentes, misturava as preferências do líder, isso atrapalhava o negócio. Os negócios têm que ser à parte, um país como o Brasil não pode misturar as coisas. Manter o fluxo de comércio é manter o interesse no Brasil, o que é bom para todo mundo. Não podemos cair nesse erro para reconhecer o governo que ganhar a eleição, sem causar problemas como fizeram com a China, ou com a Argentina (no governo argentino anterior, de Alberto Fernández). Tem que ser política de Estado, do Estado brasileiro com o mundo, independente do humor de quem esteja no cargo”, afirmou. 

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