Brasil pode liderar multilateralismo progressista e se destacar no cenário global, diz secretário da Fazenda
Dario Durigan aponta avanços em acordos internacionais e eventos como Brics e COP 30, mas alerta para desafios da política monetária interna
247 - O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, afirmou que o Brasil está diante de uma oportunidade única para liderar um novo cenário internacional, marcado por profundas "movimentações tectônicas" na geopolítica e na economia global. A declaração foi feita durante evento da Amcham (Câmara de Comércio Americana) em São Paulo. Durigan destacou que o país avançou em acordos comerciais, como o tratado entre o Mercosul e a União Europeia, e que eventos internacionais de grande relevância, como a reunião dos Brics e a COP 30, colocam o Brasil em posição de destaque no multilateralismo progressista, destaca reportagem do jornal O Globo.
“O Brasil pode liderar o multilateralismo progressista que vê oportunidades em outros mercados. Há uma ampla janela para negócios de empresas”, afirmou Durigan, ressaltando que 2025 será um ano promissor para o país, com agendas que se desdobram a partir desses eventos.
No entanto, o secretário reconheceu que, no cenário doméstico, a política monetária representa um desafio significativo para o crescimento econômico. A taxa básica de juros (Selic), que deve chegar a 15% este ano, tem sido apontada por economistas como um fator que pode frear o crédito, os investimentos e, consequentemente, o desempenho da economia.
“A política monetária é um desafio importante para o crescimento, ainda que cumpra seu objetivo contra a inflação”, disse Durigan. Ele projetou um crescimento de 2,3% para o PIB em 2024, abaixo dos quase 7% registrados nos últimos dois anos. O secretário atribuiu a desaceleração a fatores como a redução no ritmo de contratações, refletida nos números do Caged, e destacou que a agricultura deve ser o principal motor do crescimento, enquanto indústria e serviços terão desempenho mais modesto.
Reforma da renda e equilíbrio fiscal
Sobre os gastos públicos, Durigan afirmou que 2025 seguirá a trajetória estabelecida pelo arcabouço fiscal, com uma proporção menor em relação ao PIB, o que gerará um impulso fiscal mais contido.
“É preciso crescer de forma sustentável, mas não a qualquer custo”, destacou.
Ele também comentou a proposta de reforma da renda, que prevê a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e a criação de uma alíquota de 10% para os mais ricos. Segundo Durigan, a medida não terá impacto fiscal negativo.
“A discussão sobre a renda deve preservar o equilíbrio das contas públicas. O trabalho da Fazenda foi apresentar uma proposta factível, com a contrapartida de um imposto sobre os mais ricos”, explicou. A proposta ainda será debatida no Congresso ao longo do ano.
Cenário externo e volatilidade do dólar
Nilton David, diretor de política monetária do Banco Central, também presente no evento, abordou a volatilidade do dólar no final de 2023, quando a moeda americana ultrapassou R$ 6,20. Segundo ele, a alta foi influenciada pelo nível de incerteza do mercado, mas a situação não foi exclusividade do Brasil.
“Outras moedas também sofreram. Em janeiro, porém, a ansiedade se reverteu diante do cenário geopolítico, ainda que as incertezas estejam longe de serem dirimidas. O mercado percebeu que talvez tenha exagerado”, finalizou David.
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