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    CNI: Manter Selic em 10,5% é decisão 'inadequada e excessivamente conservadora' do BC

    "A manutenção do ritmo de corte nos juros seria o correto, pois contribuiria para mitigar o custo financeiro suportado pelas empresas e pelos consumidores", defende a confederação

    Ricardo Alban (Foto: CNI)

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    247 - A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou uma nota criticando a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter a taxa Selic em 10,5% ao ano. Segundo a entidade, a medida é "inadequada e excessivamente conservadora", representando um obstáculo ao crescimento econômico do país.

    "A manutenção do ritmo de corte na Selic seria o correto, pois contribuiria para mitigar o custo financeiro suportado pelas empresas e pelos consumidores, sem prejudicar o controle da inflação", afirmou o presidente da CNI, Ricardo Alban.

    A decisão de interromper o ciclo de cortes na Selic, iniciado em agosto do ano passado, foi unânime entre os membros do Copom. Em comunicado, o Comitê justificou a medida destacando o cenário global incerto e a resiliência da atividade econômica doméstica, além da elevação das projeções de inflação e das expectativas desancoradas que demandam maior cautela.

    IMPACTOS ECONÔMICOS - A CNI argumenta que a manutenção da Selic em 10,5% impõe restrições adicionais à atividade econômica, com reflexos negativos sobre o emprego e a renda. Com a taxa mantida nesse patamar, a taxa de juros real – que desconta a inflação esperada para os próximos 12 meses, de 3,6% – fica em 6,64%, ou seja, 2,14 pontos percentuais acima da taxa de juros real neutra, estimada pelo Banco Central em 4,5% ao ano. Esse patamar coloca a taxa de juros real do Brasil como a segunda maior do mundo, atrás apenas da Rússia.

    Mesmo se o Copom tivesse reduzido a Selic em 0,25 ponto percentual, a taxa de juros real ainda estaria em 6,4% ao ano, mantendo uma política monetária fortemente contracionista, segundo a CNI.

    PREVISÕES DE CRESCIMENTO - A entidade destacou que essa política monetária restritiva afetará o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). As previsões indicam que o crescimento do PIB brasileiro será menor este ano do que em 2023. Enquanto o crescimento observado no ano passado foi de 2,9%, a previsão para 2024, segundo o Relatório Focus, é de 2,08%. O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta um crescimento do PIB brasileiro de 2,2% em 2024, comparado à média de 4,2% dos países em desenvolvimento.

    DINÂMICA INFLACIONÁRIA - A CNI também questionou a justificativa do Banco Central relacionada à inflação. A recente aceleração dos preços em maio e a elevação das expectativas para 2024 são vistas como movimentos temporários que não configuram uma mudança estrutural na dinâmica dos preços. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) vinha desacelerando desde outubro de 2023, com o acumulado em 12 meses até abril de 2024 registrando 3,7%, abaixo dos 4,6% acumulados até dezembro de 2023. Em maio, o índice acumulado em 12 meses acelerou para 3,9%, influenciado principalmente pelo grupo alimentação.

    As expectativas de inflação para o final de 2024, que estavam em queda e chegaram a 3,7% em abril, voltaram a crescer, atingindo 3,96% na última publicação do Relatório Focus. A CNI destacou que espera-se que o IPCA de 2024 termine abaixo do observado em 2023 e dentro do teto da meta para o ano, de 4,5%.

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