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    Consultor da Paper que chamou ministros do STF de "facínoras" não vai a evento com Alexandre de Moraes em Lisboa

    Militante bolsonarista, Josmar Verillo é peça-chave na disputa pelo controle de fábrica de papel e celulose Eldorado, que tem golpes abaixo da linha de cintura

    Josmar Verillo (à esquerda) com outros participantes do evento em Nova York: ele não foi a Lisboa (Foto: Rede social e divulgação)
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    Por Joaquim de Carvalho, 247 - O executivo Josmar Verillo, consultor da empresa controlada pelo grupo sino-indonésio Paper Excellence, foi ausência notada na conferência realizada pelo Lide de João Doria com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em Lisboa, no início deste mês.

    Verillo esteve no evento anterior do Lide com ministros do STF, realizado em novembro do ano passado em Nova York, quando estes foram hostilizados por militantes bolsonaristas, inclusive dentro do hotel em que se encontravam.

    O consultor da Paper é peça-chave na disputa que a Paper trava com a empresa nacional J&F pelo controle da fábrica de papel e celulose Eldorado, em Três Lagoas.

    Verillo promoveu campanha de marketing para desgastar a imagem dos controladores da J&F Joesley e Wesley Batista, que envolveu a publicação de um livro e o desfile de um carro alegórico em Brasília, com esculturas de bois pintados de verde e amarelo.

    Militante bolsonarista nas redes sociais, o consultor da Paper também foi indiciado por invasão de equipamentos de informática dos executivos da J&F (hackeamento), juntamente com o CEO da empresa controlada pelo grupo sino-indonésia, Cláudio Cotrim.

    Cotrim, aliás, esteve no evento do Lide em Lisboa.

    O indiciamento de Verilo por invasão de dispositivo de informática (celulares e computadores) ocorreu em razão da contratação da ​​empresa de tecnologia e programação de Moema Ferrari, que em 2017 foi anunciada como diretora de negócios da Kroll no Brasil.

    A Kroll, como se sabe, é uma das maiores empresas de investigação empresarial e cibersegurança sediada em Nova York, que tem entre seus fundadores ex-agentes da CIA e do FBI.

    Ao indiciar Verillo e Cotrim, o  delegado Nelson Canelou Júnior, do 1o. Distrito de Polícia de Diadema, disse que tinha conseguido reunir provas de que eles atuaram na contratação da empresa de Moema Ferrari. Segundo a polícia, a empresa recebeu R$ 4,2 milhões pelo serviço de espionagem ilegal.

    O inquérito foi arquivado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo, em novembro do ano passado, mas o delegado, mesmo com as graves afirmações no inquérito, seguiu no cargo e não foi alvo de nenhuma medida por parte da Paper.

    A disputa em torno da Eldorado chama a atenção por movimentos de bastidores que envolvem pessoas influentes, que tiveram participação relevante nos acontecimentos políticos e judiciais dos últimos anos.

    A Paper contratou o ex-governador de São Paulo João Doria como adviser e o ex-presidente da república Michel Temer como consultor jurídico. Temer foi denunciado por Joesley Batista, o que gerou ação que, por duas vezes, em 2017, levou a Câmara dos Deputados a votar seu afastamento.

    A presença de Verillo no evento em Nova York já tinha sido motivo para constrangimento, já que ele promoveu nas redes sociais ataques ao STF.

    "Nojo do STF" diz um card publicado por ele. Verillo chamou ministros de facínoras e disse que a corte "age contra a sociedade brasileira" e que ministros são "aliados da criminalidade", entre outras agressões.

    A agressividade de Verillo em relação a ministros do STF gerou comentários nos bastidores de que a Paper estaria sendo investigada por patrocinar os atos antidemocráticos que levaram à destruição da sede do Poder Judiciário, em 8 de janeiro, o que a Paper nega.

    "A Paper não é investigada por atentados de 8 de janeiro. Pois não financiou deslocamentos para Brasília nem manutenção de abrigos", afirmou a empresa, por meio de nota.

    Verillo também agrediu Lula e sua esposa, a primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja.

    Depois que o 247 publicou parte de suas ofensas, o perfil de Verillo no Facebook informa que não há mais nenhuma publicação disponível. Mas os prints confirmam suas manifestações de ódio enquanto, nos bastidores, agia em defesa da Paper.

    Ao que tudo indica, depois da atitude do consultor e conselheiro da empresa sino-indonésia, Verillo foi o único vetado do encontro do “Lide Brazil Conference Lisbon”.

    Estavam como representantes da Paper no evento em terras portuguesas, além do CEO Cláudio Cotrim, o advogado no escritório Stocche Forbes Wilson Melo, o ministro aposentado do STJ Massami Uyeda e o delegado de Polícia e ex-deputado Marcelo Itagiba, os mesmos que faziam companhia a Josmar Verillo em Nova York em novembro do ano passado.

    A Paper Excellence já patrocinou eventos com Eduardo Bolsonaro e Hamilton Mourão, quando estes eram influentes no governo federal.

    Michel Temer é presença constante nos eventos patrocinados pela Paper. No caso das conferências de Nova York e Lisboa, ele foi um dos palestrantes.

    Em Nova York,  também foram conferencistas os ministros Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Luís Roberto Barroso e Ricardo Lewandowski.

    Em Lisboa, os ministros presentes eram Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Luíz Roberto Barroso e Ricardo Lewandowski.

    Procurada, a Paper afirmou, em nota, que patrocina eventos do Lide, "assim como fazem historicamente companhias de setores diversos – inclusive a J&F,  que também patrocinou o Lide Brazil Conference, em novembro de 2022 em Nova York, com a presença de ministros do STF."

    A empresa acrescentou que não acredita que "patrocínios de eventos em que representantes da Justiça estejam presentes possam influenciar qualquer decisão judicial, que deve ser embasada exclusivamente em provas".

    Na nota, a Paper não trata da ausência de Josmar Verillo na conferência em Lisboa, embora tenha sido perguntada.

    O consultor da Paper não respondeu à mensagem para que se manifestasse.

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