Dólar à vista fecha em alta pela 5ª sessão apesar de intervenções do BC
BC também anuncia leilão extra de 14.700 contratos de swap cambial para segunda-feira
(Reuters) - O dólar à vista fechou em alta ante o real pela quinta sessão consecutiva nesta sexta-feira, ainda que duas intervenções do Banco Central no mercado, por meio de leilões de moeda, tenham diminuído a pressão, em um dia marcado pelos receios com o equilíbrio fiscal no Brasil e pelo avanço da moeda norte-americana também no exterior.
O dólar à vista fechou em alta de 0,24%, cotado a 5,6363 reais. A moeda avançou em todos os dias desta semana, acumulando avanço de 2,86% no período. Em agosto, porém, a divisa ainda contabilizou baixa de 0,34%.
A moeda norte-americana abriu a sessão em baixa no Brasil, após o Banco Central ter anunciado na véspera um leilão de até 1,5 bilhão de dólares no mercado à vista de câmbio nesta sexta-feira, das 9h30 às 9h35.
A oferta de dólar à vista buscou atender demanda atípica por moeda de parte do mercado.
Isso ocorreu porque uma nova versão do índice de ações MSCI Global Standard passa a vigorar no fechamento desta sexta-feira, incluindo, no caso do Brasil, papeis de Nubank, XP, Embraer, Stone, PagBank e Inter. Como alguns fundos espelham este índice, houve uma demanda adicional por dólares, para compra dessas ações no exterior.
Na operação, o BC vendeu o total de 1,5 bilhão de dólares, mas ainda assim as cotações migraram para o território positivo e renovaram máximas do dia, reagindo a uma série de fatores. Depois de atingir a mínima de 5,5755 reais (-0,84%) às 9h00, na abertura, o dólar à vista marcou a máxima de 5,6936 reais (+1,26%) às 10h05, já após o leilão.
Entre os fatores estavam o avanço do dólar também no exterior e a disparada das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) com prazos mais longos, em meio aos temores do mercado quanto ao equilíbrio fiscal do país e quanto ao controle da inflação.
Profissionais ouvidos pela Reuters pontuaram que a forte adição de prêmios de risco na curva de juros brasileira nesta sexta-feira foi acompanhada pela colocação de mais prêmios também no mercado de câmbio, o que deu força às cotações do dólar.
Além disso, a disputa pela formação da Ptax de fim de mês levava os investidores comprados a impulsionar as cotações pela manhã. Taxa de câmbio calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, investidores comprados (posicionados na alta do dólar) e vendidos (posicionados na queda) tentam direcionar as cotações de acordo com seus interesses.
Um operador citou ainda que, após o leilão de moeda à vista, parte do mercado também passou a “testar” se o BC retornaria ao mercado caso as cotações do dólar disparassem.
O BC acabou retornando ao mercado no início da tarde, ao anunciar um leilão de 30.000 contratos de swap cambial, equivalentes a 1,5 bilhão de dólares, para entre 12h50 e 13h. Na operação -- cujo efeito é equivalente à venda de dólares no mercado futuro -- o BC colocou 15.300 contratos, ou 765 milhões de dólares.
Após a segunda intervenção do BC, o dólar à vista desacelerou os ganhos, mas não o suficiente para retornar ao campo negativo, encerrando a jornada com alta de 0,24%. No mercado futuro, porém, o dólar para outubro -- que passou a ser o mais líquido nesta sexta-feira -- cedia 0,48% perto do fechamento, para 5,6220.
Às 18h15, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,36%, a 101,720.
BC anuncia leilão extra de 14.700 contratos de swap cambial para segunda-feira
O Banco Central anunciou um leilão extra de swaps cambiais para a próxima segunda-feira, dia 2, para entre 9h30 e 9h40, com oferta de 14.700 contratos, equivalentes a 735 milhões de dólares.
A oferta foi anunciada na noite desta sexta-feira, por meio de comunicado. A operação com swaps tem efeito equivalente à venda de dólares do mercado futuro.
Nesta sexta-feira, o BC já havia realizado um leilão de swap no início da tarde, com oferta de até 30.000 contratos (1,5 bilhão de dólares). Nesta operação foram vendidos 15.300 contratos (765 milhões de dólares). Assim, na prática a oferta de 14.700 contratos na próxima segunda-feira representa uma segunda tentativa do BC de completar a venda dos 30.000 contratos ofertados originalmente.
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