Dólar cai pela 6ª sessão no Brasil e atinge menor valor desde outubro
No ano a moeda norte-americana acumula queda de 8,15%
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar emplacou a sexta sessão consecutiva de queda no Brasil, encerrando a terça-feira no menor valor desde outubro do ano passado, em meio ao fluxo de entrada de recursos no país e à perda de força da moeda norte-americana no exterior à tarde.
Em mais uma sessão de forma geral positiva para os ativos brasileiros, o dólar à vista fechou em baixa de 0,19%, aos R$5,6755, menor cotação desde 24 de outubro, quando encerrou em R$5,6635. Nas últimas seis sessões, o dólar acumulou baixa de 3,06%.
No ano o dólar acumula queda de 8,15%.
Às 17h21 na B3 o dólar para abril -- atualmente o mais líquido no Brasil -- cedia 0,31%, aos R$5,6880.
Após abrir em alta, acompanhando até então o viés positivo para a moeda norte-americana no exterior, o dólar foi perdendo força gradativamente ante o real, com profissionais citando um movimento de entrada de recursos país.
“Tivemos fluxo de exportador e de investidor estrangeiro”, comentou durante a tarde o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik. “Nos últimos dias temos tido fluxo especulativo vindo para o Brasil, porque o diferencial de juros aqui está alto, o que atrai investidores”, acrescentou, lembrando que na quarta-feira o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve anunciar nova elevação da taxa básica Selic, hoje em 13,25% ao ano.
À tarde a moeda norte-americana também se enfraqueceu no exterior, o que fez o dólar renovar mínimas no Brasil. Após marcar a máxima de R$5,7153 (+0,51%) às 9h01, na abertura da sessão, o dólar à vista atingiu a mínima de R$5,6558 (-0,53%) às 13h20.
Como em sessões anteriores, o fortalecimento do real ante o dólar esteve em sintonia com a alta do Ibovespa e a queda das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros).
A nova queda do dólar ante o real ocorreu a despeito de um fator que, no fim de 2024, foi motivo para forte alta das cotações: a intenção do governo de isentar de Imposto de Renda pessoas que ganham até R$5 mil por mês.
Se em dezembro a proposta foi vista como mais um fator de risco para o equilíbrio fiscal, a apresentação oficial do projeto ao Congresso nesta terça-feira não trouxe pressão para os negócios.
O projeto mantém a tabela progressiva do IR com isenção para rendas de até dois salários mínimos, o que se conjugará a um desconto variável que permitirá que quem ganha até R$5 mil não pague nada de imposto. Também haverá um desconto parcial que será reduzido gradualmente para rendas de R$ 5 mil a R$7 mil.
Na outra ponta, para pessoas de alta renda o projeto prevê retenção na fonte de 10% incidente sobre dividendos distribuídos em valor acima de R$50 mil mensais por uma empresa para uma mesma pessoa física. Contribuintes mais ricos pagarão tributo mínimo para rendimentos anuais totais superiores a R$600 mil.
De acordo com o governo, o efeito final sobre as contas públicas será neutro, ou seja, a arrecadação da parcela mais rica da população compensará a isenção dada à fatia mais pobre -- justamente o ponto que gera desconfiança no mercado.
No exterior, às 17h20, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,23%, a 103,220.
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