Dólar tem queda forte e fecha abaixo de R$5,60 após dados fracos dos EUA
O dólar à vista fechou em baixa de 1,19%
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista fechou a quinta-feira em queda firme no Brasil, superior a 1%, com a cotação encerrando abaixo dos 5,60 reais, acompanhando o recuo firme da moeda norte-americana também no exterior, após a divulgação de números piores que o esperado do mercado de trabalho privado nos EUA.
O dólar à vista fechou em baixa de 1,19%, cotado a 5,5726 reais. No ano, porém, a divisa acumula elevação de 14,86%.
Às 17h03, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,18%, a 5,5925 reais na venda.
A moeda norte-americana se firmou em baixa ante o real ainda nos primeiros minutos da sessão, em sintonia com o exterior, onde a divisa dos EUA também cedia ante outras moedas de emergentes e exportadores de commodities.
O principal gatilho para isso foi o relatório da ADP indicando que foram abertas 99.000 vagas de emprego no setor privado dos EUA em agosto, o menor número desde janeiro de 2021, contra 111.000 em julho.
Economistas consultados pela Reuters previam abertura de 145.000 postos de trabalho, após 122.000 em julho conforme relatado anteriormente.
Os números fizeram os rendimentos dos Treasuries apresentarem quedas firmes, em meio à leitura de que a economia dos EUA pode abrir margem para o Federal Reserve cortar os juros em 50 pontos-base em setembro -- e não apenas em 25 pontos-base. Em paralelo, o dólar perdeu força ante as demais divisas.
No Brasil o movimento foi intensificado pela percepção de que, enquanto os EUA podem cortar mais os juros, o Banco Central do Brasil tende a elevar a taxa básica Selic. A precificação na curva a termo brasileira indicava nesta tarde 90% de probabilidade de alta de 25 pontos-base da Selic este mês e 10% de chance de elevação de 50 pontos-base. Atualmente a taxa básica está em 10,50% ao ano.
“No mundo o dólar vem perdendo força com este receio de recessão nos Estados Unidos. E o diferencial de juros também está considerável aqui”, comentou Rafael Sueishi, head de renda fixa da Manchester Investimentos. “O mercado já precifica a possibilidade de corte de 50 pontos-base nos EUA e de alta da Selic por aqui, o que gera o enfraquecimento do dólar.”
Neste cenário, após marcar a cotação máxima de 5,6505 reais (+0,20%) às 9h01, na abertura dos negócios, o dólar à vista atingiu a mínima de 5,5699 reais (-1,23%) às 16h55, pouco antes do fechamento.
No exterior, a expectativa agora recai sobre a divulgação do relatório "payroll" sobre o mercado de trabalho dos EUA na manhã de sexta-feira.
“Se o payroll de amanhã apresentar uma desaceleração significativa na criação de empregos ou um aumento da taxa de desemprego, a pressão para cortes mais agressivos nos juros (dos EUA) aumentará, o que poderá alterar o panorama econômico global, com impactos diretos no câmbio, nas bolsas e nas expectativas de crescimento para 2024”, pontuou Diego Costa, head de câmbio da B&T Câmbio, em análise enviada a clientes.
No fim da tarde o dólar seguia em baixa ante a maior parte das demais divisas. Às 17h10, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,17%, a 101,090.
Pela manhã o Banco Central vendeu todos os 4.010 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 1º de outubro de 2024. O BC não realizou nenhuma operação extra de swaps nesta sessão.
Em evento durante a tarde, o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, afirmou que as três intervenções realizadas pela autarquia no mercado de câmbio entre sexta e segunda-feira -- uma no mercado à vista e duas com contratos de swap cambial -- ocorreram para "fornecer liquidez".
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