Em dezembro, jovem que viu pai falir denunciou calote das Americanas a jornais, que o ignoraram
Semanas depois, foram divulgadas 'inconsistências contábeis' da empresa no valor de R$ 20 bilhões
247 - Em publicação no LinkedIn na segunda-feira (16), o jovem Bernardo Garcia revelou que em dezembro de 2022 enviou a jornais e jornalistas um e-mail denunciando a responsabilidade das Lojas Americanas pela falência da empresa de seu pai. À época ainda não haviam sido divulgadas as 'inconsistências contábeis' da empresa no valor de R$ 20 bilhões.
Garcia afirmou que também enviou a denúncia a Sérgio Rial, ex-CEO da Americanas, e a Fabiana Oliver, Diretora de Relacionamento com Investidores da empresa.
"Dei esse passo dois anos depois da empresa do meu pai falir por responsabilidade do Grupo Americanas S.A., que rompeu um contrato de cinco anos devendo meses de faturamento, sem aviso prévio. Não somente: 15 dias antes disso, o Grupo havia iniciado uma negociação para comprar a empresa dele. (Isso porque, naqueles dias, ele havia recebido uma proposta de compra de um concorrente da Americanas)", diz Garcia.
O jovem ainda relata os danos materiais, psicológicos e físicos causados pelo prejuízo. "Meu pai infartou quatro meses depois da falência e ficou uma semana na UTI. Desde então, ele e seu sócio estão sob medicamentos para lidar com ansiedade e depressão. Eles perderam tudo: casa, carro, dinheiro e 40 anos de luta e esforço. Perderam também a vontade de viver. Nesses dois anos, tentam correr atrás de advogados que aceitem a causa pelo êxito, já que não possuem condições financeiras para arcar com os custos do processo. E eu, como filho, tento me desdobrar para ajudá-los financeira e emocionalmente".
"Muitas vezes, as críticas feitas aos empresários e às empresas não diferenciam os grandes dos pequenos e médios empresários. A falência de grandes empresas gera perda de bilhões aos seus acionistas, mas esses permanecem com seus outros milhões. A falência de empresas menores leva seus donos a perderem tudo. Não torço pela falência das Americanas. Torço para que se recuperem: só assim poderão arcar e honrar seus colaboradores e seus credores. Torço, mais ainda, para que se conscientizem. As relações predatórias do Capitalismo têm consequências profundas e problemáticas. Não serão algumas ações ESG que corrigirão esse impacto. É essencial que possamos nos atentar e discutir sobre isso, ultrapassando a superficialidade que o meio corporativo tanto gosta (e com a qual tanto se beneficia)", finaliza.
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