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    Empresários sentem no bolso e reclamam da política de preços da Petrobras (PPI)

    Pesquisa da CNT mostra que 87,2% dos empresários do setor de transporte rodoviário são contra a política criada por Temer e mantida por Bolsonaro

    Sede da Petrobras (Foto: REUTERS/Sergio Moraes)
    Juca Simonard avatar
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    A população brasileira já vem sentindo o peso dos reajustes dos combustíveis nos preços dos alimentos, transportes, vestuário e em todos os setores pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apurou uma inflação recorde no mês de maio de 1,62% - o maior índice desde a criação da moeda do Real. Mas somente agora, depois do mega-reajuste dos combustíveis determinado pela petrolífera brasileira em 10 de março, é que os empresários começaram a perceber o quanto a Política de Preços Internacional da Petrobras (PPI) é prejudicial também para os negócios.

    A PPI atrela o preço do barril de petróleo ao dólar, enquanto os brasileiros produzem e recebem em reais, o que prejudica trabalhadores e empresários. E os aumentos não têm nada a ver com a guerra da Rússia contra a Ucrânia, como o governo insinuou. Os preços dos combustíveis estão disparando desde 2016, quando o ilegítimo Michel Temer (MDB-SP) implantou a PPI, que o presidente Jair Bolsonaro (PL) manteve.

    A percepção de que a PPI é prejudicial aos negócios foi detectada por uma pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT), que apurou que 87,2% dos empresários do setor de transporte rodoviário são contrários à PPI e 82,3% citaram os preços do diesel como o maior entrave na operação dos negócios.      

    Outro setor que tem sentido o peso dos preços dos combustíveis é o aeronáutico, que pediu na última segunda-feira (11), ao ministro da Economia, Paulo Guedes, um alívio tributário no preço do querosene de aviação, informou o jornal Valor Econômico. Segundo as companhias Latam, Gol, Azul e Passaredo, o combustível já havia subido 76% em 2021 e representa hoje 50% dos custos — em vez dos tradicionais 30%.

    E não são apenas esses setores que perceberam o quanto é prejudicial para os negócios os altos preços dos combustíveis. De acordo com coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, o agronegócio também sente o peso dos preços do combustível utilizado nos maquinários da agricultura.

    “Nós já tínhamos alertado que isso iria acontecer, que o impacto negativo seria sentido não apenas pelo povo, mas iria chegar na indústria, inclusive, a agrícola, que já fez manifestações públicas criticando os altos preços dos combustíveis, e até mesmo a CNI [Confederação Nacional da Indústria], que se queixou do preço do gás natural”, diz Bacellar.

    O dirigente da FUP, no entanto, alerta que de nada adianta os empresários pedirem subsídios para os seus negócios, se não pressionarem também pelo fim da PPI.

    “Esse é o X da questão. Subsídios e tributação não resolvem o problema do impacto dos preços dos combustíveis na inflação”, afirma o coordenador-geral da FUP.

    "Todos os setores que se aglutinarem na luta pela revisão da PPI são bem-vindos. Pena que os empresários acordaram tarde, num governo no fim de mandato. Precisamos de um novo governo Lula para a retomada da indústria e neste sentido estaremos juntos", disse Deyvid Bacelar

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