Autonomia do BC não significa virar as costas para o governo, diz Galípolo
"O Banco Central tem autonomia, mas não para determinar a própria meta e objetivos", afirmou o diretor de política monetária do Banco Central
247 – O diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta sexta-feira (28) que é importante promover uma discussão ampla sobre a autonomia do BC, junto com todas as partes interessadas, incluindo os poderes Legislativo e Executivo, bem como os funcionários da autoridade monetária.
Galípolo ainda reconheceu que há “certa confusão” no debate sobre o tema e ressaltou que todas as instituições públicas devem estar abertas ao aprimoramento do próprio arcabouço institucional.
"A ideia de autonomia não está relacionada à ideia de virar as costas para a sociedade ou para o governo democraticamente eleito", enfatizou. "O Banco Central tem autonomia, mas não para determinar a própria meta e objetivos".
Ele destacou que a diretoria do BC discute sobre a evolução institucional da autoridade monetária considerando não apenas a evolução técnica, mas também aspectos administrativos e financeiros.
Atualmente, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) sobre a autonomia financeira do Banco Central está em discussão no Senado. A proposta intensificou o embate entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o comando da instituição, liderada por Roberto Campos Neto. O ponto central do debate é que a autonomia orçamentária e financeira proposta pela PEC pode interferir nas atividades de Estado do banco.
O Banco Central já possui autonomia operacional, o que significa que o governo federal não pode interferir nas decisões da cúpula do BC, como a questão da taxa de juros.
Críticas de Lula: O chefe do executivo tem pontuado diversas críticas ao presidente do BC. Em entrevista à rádio O Tempo, de Minas Gerais, nesta sexta-feira, Lula afirmou que Roberto Campos Neto está "ideologicamente alinhado" com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e que indicará uma “pessoa responsável” para comandar a autoridade monetária a partir do próximo ano.
“Eu vou escolher alguém que seja responsável, e a pessoa que é responsável o presidente não vai ficar dando palpite, ‘abaixa o juro, aumenta’. Não. O presidente tem que confiar que a pessoa que está lá tem competência para fazer as coisas. É isso que a gente tem que fazer. E já foi assim. Eu não sou um estranho no ninho. Eu sou um cara que já foi presidente oito anos e fui considerado o melhor presidente da história desse país”, disse
Roberto Campos Neto é visto como um defensor de políticas monetárias conservadoras, incluindo a manutenção de taxas de juros altas para controlar a inflação. (Com informações de Valor Econômico).
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