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    Grandes petrolíferas europeias recuam na transição para a energia renovável

    Alta nos preços de energia e adiamento de metas climáticas reforçam retorno ao petróleo e gás

    Bomba de petróleo em Sommesous, na França (Foto: REUTERS/Pascal Rossignol)
    Redação Brasil 247 avatar
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    Reuters – As principais empresas de energia da Europa reduziram drasticamente seus investimentos em energias renováveis em 2024, priorizando o aumento de lucros de curto prazo por meio do petróleo e gás. Fatores como a elevação dos custos energéticos após a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 2022, e o arrefecimento das políticas climáticas em diversos países explicam essa mudança de foco.

    A desaceleração nas iniciativas de transição verde começou a ganhar força quando as big oils europeias perceberam que suas ações estavam ficando para trás em relação às concorrentes norte-americanas que continuaram priorizando combustíveis fósseis, como Exxon e Chevron. Nesse cenário, gigantes como BP e Shell optaram por realocar bilhões de dólares previstos para projetos de energia renovável, especialmente em eólicas onshore e offshore, para empreendimentos de petróleo e gás, considerados mais rentáveis no curto prazo.

    Um dos exemplos mais evidentes é a decisão da BP de criar uma joint venture com a empresa japonesa JERA, transferindo a maior parte de seus projetos de energia eólica offshore. Ao mesmo tempo, a Shell vem reduzindo a participação em novos leilões de parques eólicos e saindo de mercados de energia em países como França e China. 

    A Shell informou à Reuters que segue comprometida em se tornar uma empresa de energia com emissões líquidas zero até 2050 e que continua investindo na transição energética. A norueguesa Equinor reforçou, em nota, que “The offshore wind segment has been through demanding times in the last couple of years due to inflation, cost increase, bottlenecks in the supply chain, and Equinor will continue to be selective and disciplined in our approach”.

    Para 2025, o cenário permanece desafiador. Uma possível volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos implica maior ceticismo em relação às mudanças climáticas, enquanto na Europa, a continuidade da guerra na Ucrânia e as turbulências políticas em países como Alemanha e França somam incertezas ao mercado. Especialistas também apontam que a China, maior importadora de petróleo do mundo, busca estimular sua economia, o que pode aumentar a demanda por combustíveis fósseis.

    No entanto, o equilíbrio financeiro das gigantes do setor pode enfrentar entraves. Analistas estimam que a dívida líquida das cinco maiores petrolíferas ocidentais pode subir de US$ 92 bilhões, em 2022, para US$ 148 bilhões em 2024. Apesar disso, a busca por altas margens de lucro e a necessidade de manter bons retornos aos acionistas parecem justificar a estratégia de concentrar esforços no petróleo e gás.

    A decisão de retroceder nas metas climáticas ocorre num momento em que as emissões de carbono estão próximas de atingir um patamar recorde, e o clima global sofre sucessivas ondas de calor, inundações e eventos extremos. Entretanto, a expectativa é que as grandes empresas de energia continuem cautelosas ao investir em renováveis, gerando dúvidas sobre o ritmo futuro da transição energética em todo o mundo.

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