'Sem Margem Equatorial, Brasil perde autossuficiência em petróleo em 10 anos', alerta diretora da Petrobras
“Se não encontrarmos novos grandes volumes, podemos perder a autossuficiência em 2032”, diz a diretora de Exploração e Produção, Sylvia dos Anjos
247 - A Petrobras mantém expectativas otimistas para a aprovação da licença ambiental pelo Ibama para explorar a Margem Equatorial, um dos projetos mais desafiadores e promissores da estatal. Sylvia dos Anjos, diretora de Exploração e Produção da Petrobras, afirmou que a licença deve sair até fevereiro, considerando os esforços realizados para atender às exigências ambientais. A área responde por quase 40% dos investimentos previstos em exploração e é vista como essencial para evitar a perda da autossuficiência em petróleo no Brasil na próxima década.
Sylvia destaca que a produção do pré-sal, atualmente responsável por mais de 80% das reservas da companhia, começará a declinar em 2029 ou 2030. “Se não encontrarmos novos grandes volumes, podemos perder a autossuficiência em 2032”, alertou Sylvia em entrevista ao jornal O Globo. “Dos US$ 7,9 bilhões previstos em exploração, mais de US$ 3 bilhões são na Margem. A decisão é muito importante porque mostra para onde vou. Mas a gente vai continuar buscando áreas e bids (ofertas)”, destacou.
A Margem Equatorial, que abrange áreas do Rio Grande do Norte à Colômbia, já conta com mais de 560 poços perfurados em toda a região. No entanto, o projeto enfrenta resistência devido a preocupações ambientais e políticas. Para atender às exigências do Ibama, a Petrobras investiu em uma sonda mais robusta e em infraestrutura como centros de proteção à fauna em Belém e Oiapoque, além de alocar uma frota de 13 barcos de contenção. “Cumprimos todas as exigências técnicas. Só resta aprovar”, declarou Sylvia, confiante no avanço do projeto.
“Sou muito otimista. Temos tudo mapeado. A primeira questão é: ‘há alguma ameaça ambiental?’ Digo que só tem ameaças se você tiver derramamento e não souber operar. Se a Petrobras for proibida de explorar, alguém vai trazer o petróleo. Então, não tem argumentos técnicos para não furar. Além disso, pegamos uma sonda mais robusta que tem duplas garantias. Vamos alocar 13 barcos de contenção. E temos 7 na Bacia de Campos. Tudo que se possa imaginar para dar conforto ao Ibama nós fizemos”, afirmou a executiva na entrevista.
Enquanto aguarda a licença, a Petrobras diversifica sua atuação com projetos internacionais. A estatal adquiriu participações em blocos na África, onde países como Angola, Gana e Tanzânia demonstraram interesse em parcerias. Em 2025, a Petrobras pretende perfurar quatro poços no exterior, incluindo São Tomé e Príncipe, África do Sul e Colômbia. “O interesse dos países africanos é enorme. Eles nos veem como parceiros estratégicos. É gratificante”, destacou a diretora.
Além da Margem Equatorial, a Petrobras investe na exploração da Bacia de Pelotas, no Sul do Brasil, onde enfrenta restrições devido à presença de baleias jubarte. A companhia também planeja novas perfurações em blocos do pré-sal, como Aram e Alto de Cabo Frio Central, previstos para 2025.
A cotação do dólar a R$ 6 deve impactar os resultados trimestrais da Petrobras, mas Sylvia garante que os projetos permanecem viáveis. No setor de gás, a estatal projeta um aumento significativo na produção com a entrada em operação da Rota 3 em 2026, elevando a capacidade diária de 35 milhões para 50 milhões de metros cúbicos.
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