Impacto da tarifa zero para importação começa a chegar aos supermercados
Equipe econômica do governo e Conab identificam queda nos preços do azeite, da sardinha, café, carnes, óleo de soja, ovos e farinha de trigo
247 - A decisão do governo Lula (PT) de zerar a alíquota de importação de nove produtos alimentícios começa a produzir reflexos perceptíveis nos supermercados brasileiros, especialmente no caso do azeite de oliva e da sardinha enlatada. Levantamento feito por técnicos da equipe econômica com base no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), e revelado pelo jornal O Globo, indica que a medida tem maior potencial de impacto sobre itens amplamente importados pelo Brasil, como esses dois alimentos.
Apesar do alívio pontual nos preços, economistas ponderam que o efeito sobre a inflação será modesto. Isso porque outros fatores — como o câmbio, a margem de lucro dos comerciantes e as oscilações no mercado internacional — ainda têm peso relevante na formação dos preços ao consumidor final.
Nos supermercados, os consumidores já notam reduções em alguns produtos. A rede Supermercados Mundial confirmou que o preço do azeite está em queda, atribuindo o recuo a uma combinação de três fatores: boa safra internacional, importação direta e a redução da tarifa. Segundo a empresa, esses elementos “impactaram positivamente a cadeia de produção e distribuição do produto”.
Atualmente, cerca de 99% do azeite de oliva consumido no Brasil é importado, majoritariamente de Portugal (57%) e Espanha (14%). Outros países fornecedores incluem Itália, Argentina, Chile, Uruguai, Tunísia, Turquia, Grécia, Líbano, Estados Unidos, França e Japão.
Segundo dados do FGV Ibre, desde a entrada em vigor da isenção tarifária em 14 de março, produtos como azeite, café, carnes e sardinha passaram a apresentar menor variação de preços. A análise considera a média móvel dos últimos 30 dias. O economista André Braz, coordenador dos índices de preços do FGV Ibre, observa: “não dá para saber se foi pela redução de imposto, mas certos itens beneficiados pelo imposto de importação zero já começam a mostrar inflação menor”.
Apesar disso, Braz ressalta que o impacto direto na inflação é limitado, sobretudo porque alguns dos produtos afetados — como o azeite — não fazem parte da cesta básica e são mais consumidos por famílias de maior renda. Já alimentos como açúcar, café e carnes, que também estão na lista de isenção, têm maior peso no orçamento das famílias de baixa renda: “Esses afetam bastante o custo de vida”.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que acompanha os preços dos alimentos, já identifica quedas em itens como óleo de soja, ovos, carne bovina e farinha de trigo, atribuindo parte dessa redução à política de isenção tarifária. O óleo de soja teve queda de 1% a 4% nos preços de varejo em relação a fevereiro, a depender do estado. Ovos registraram redução de 6% no Espírito Santo e 3% em São Paulo, associada à queda no preço do milho importado. A carne bovina caiu 1% em São Paulo, enquanto a farinha de trigo recuou 5% no Paraná, puxada pela isenção sobre massas e biscoitos.
No caso da sardinha importada, cuja alíquota era de 32%, a queda pode ser ainda mais significativa. Portugal (57%), Venezuela (27%) e Marrocos (12%) lideram as exportações ao Brasil. Técnicos do governo avaliam que a indústria nacional de enlatados, que ainda domina o mercado interno, não será prejudicada pela abertura comercial.
O economista André Braz reforça que, embora a isenção tarifária possa evitar uma inflação mais alta, seu efeito real depende de variáveis como o dólar e a política de margens dos comerciantes. Se o real se desvalorizar, por exemplo, o benefício da tarifa zero pode desaparecer rapidamente.
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