IPCA-15, prévia da inflação, dispara e fecha 2022 com alta de quase 6%
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial, registrou avanço de 5,90% nos 12 meses até dezembro
Reuters - O IPCA-15 foi pressionado em dezembro pelos custos de alimentos e transportes e fechou 2022 com avanço acumulado em 12 meses de quase 6%, o que indica estouro da meta pelo segundo ano seguido.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 0,52% em dezembro, de uma alta de 0,53% em novembro, mostraram nesta sexta-feira os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Isso levou o índice, considerado prévia da inflação oficial, a registrar nos 12 meses até dezembro avanço de 5,90%, de 6,17% em novembro.
O acumulado do ano fica bem abaixo da taxa de 10,42% do IPCA-15 ao final de 2021, mas mostra que Luiz Inácio Lula da Silva iniciará seu terceiro mandato como presidente, em 2023, com a inflação acima do teto da meta oficial --3,5% com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, medida pelo IPCA.
Confirmando-se que o IPCA fechará acima do teto da meta, o Banco Central terá que divulgar uma carta explicando os motivos de o objetivo não ter sido cumprido, o que aconteceu também em 2021, quando o IPCA fechou com alta de mais de 10% em 12 meses.
As expectativas em pesquisa da Reuters para o IPCA-15 de dezembro eram de avanço de 0,52% na base mensal e de 5,92% em 12 meses.
A inflação no Brasil foi ponto de atenção ao longo do ano, levando o governo a adotar medidas para contê-la, como a redução da alíquota de ICMS sobre combustíveis, energia e telecomunicações. Os efeitos disso, no entanto, já se dissiparam e não estarão presentes em 2023.
Por sua vez, o Banco Central realizou forte aperto monetário que levou a Selic a encerrar 2022 em 13,75%, e no fim do ano passou a destacar preocupação com a elevada incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país depois da eleição presidencial.
"O que importa mais para o BC para fazer a política monetária (agora) é principalmente expectativas para inflação em 2024 e 2025, que não vão ser muito afetadas por esse número que saiu hoje, mas continuam sendo afetadas pelo cenário fiscal", avaliou Laíz Carvalho, economista para Brasil do BNP Paribas
"Continuamos acreditando que o BC vai ter que ficar parado com a taxa de juros pelo menos no primeiro semestre inteiro de 2023."
Alimentos e combustíveis permaneceram no radar em 2022 e isso não foi diferente no final do ano. Em dezembro, Transportes e Alimentação e bebidas exerceram os maiores impactos, com altas respectivamente de 0,85% e 0,69% no mês.
O resultado de Transportes, depois de avanço de 0,49% em novembro, se deveu principalmente à alta de 0,47% nos preços das passagens aéreas. Os preços dos combustíveis seguiram em alta, mas o avanço desacelerou a 1,79% em dezembro, de 2,04% em novembro.
Ainda assim, o preço da gasolina subiu 1,52% e teve o maior impacto individual no índice do mês. Entre os outros combustíveis, os custos de etanol subiram 5,44%, mas óleo diesel e gás veicular tiveram quedas de 1,05% e 1,33% em dezembro.
Em 2022 como um todo, foi o grupo Alimentação e Bebidas que ficou no topo dos maiores impactos, com alta acumulada de 11,96%, seguido de Saúde e Cuidados Pessoais, com 11,24%.
Para 2023, a meta central para a inflação cai a 3,25%, também com margem de 1,5 ponto para mais ou menos. Pesquisa Focus realizada pelo BC com uma centena de economistas mostra que a expectativa do mercado é de que a inflação encerre este ano a 5,76% e 2023 a 5,17%.
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