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    Juros altos devem favorecer os mais ricos, mesmo no governo Lula 3

    Ganho das classes mais abastadas é consequência da política monetária de Roberto Campos Neto

    Lula e Roberto Campos Neto (Foto: Ricardo Stuckert/PR | Adriano Machado/Reuters)

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    247 – Nos próximos anos, o Brasil não deve testemunhar um fenômeno semelhante ao registrado nos dois primeiros mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), entre 2003 e 2010, quando houve uma significativa migração de membros das classes D/E para a classe C. De acordo com projeções da consultoria Tendências, os maiores beneficiários devem ser os estratos mais ricos da sociedade, especialmente a classe A. Esse cenário se desenha em meio a uma conjuntura marcada por taxas de juro elevadas e limitações fiscais para ampliar programas de transferência de renda aos menos favorecidos, segundo aponta reportagem da Folha de S. Paulo.

    Essa previsão reflete uma realidade onde os ganhos de capital dos mais privilegiados, sejam empresários ou indivíduos com investimentos, desempenham um papel preponderante. Mesmo com expectativas de possível redução da taxa básica de juro, a Selic, que atualmente se encontra em 10,75% ao ano, as perspectivas indicam que permanecerá em patamares relativamente altos. Essa tendência é influenciada não apenas por questões internas, mas também pela manutenção de juros elevados em países como os Estados Unidos, devido a preocupações com inflação.

    A dinâmica da economia brasileira, aliada às pressões externas, contribui para que investimentos conservadores ofereçam retornos atrativos, superando até mesmo a inflação. Em contraponto, as despesas com juros da dívida pública continuam a representar uma fatia expressiva do orçamento, tornando ainda mais desafiador para o governo destinar recursos para políticas de redistribuição de renda.

    Enquanto isso, as projeções apontam para um cenário menos favorável para as classes D/E, cujo crescimento da massa de renda tende a ser mais modesto nos próximos anos. A expectativa é de índices de correção menos generosos para programas como o Bolsa Família, em virtude das restrições fiscais enfrentadas pelo governo Lula 3. Essa realidade contrasta com o período entre 2003 e 2010, quando o país se beneficiou de uma conjunção de fatores favoráveis, incluindo reformas estruturais, crescimento global robusto e aumento dos preços das commodities.

    Nesse contexto, a classe A desponta como a principal beneficiária, com previsões de aumento significativo na massa de renda real. Por outro lado, a classe D/E tende a experimentar um crescimento mais contido. O analista de macroeconomia da Tendências, Lucas Assis, ressalta que as condições que impulsionaram a migração de milhões de pessoas para a classe C nos anos 2000 não se repetem, o que impacta diretamente na capacidade do governo de promover a ascensão social.

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