Lula critica falta de participação de "dono" da Vale em negociações com o governo
Atual vice-presidente executivo de Finanças e Relações com Investidores, Gustavo Pimenta, será o próximo presidente-executivo da mineradora
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva renovou suas críticas à gestão das grandes empresas privadas no país, com destaque para a Vale. Segundo Lula, a administração da mineradora tem se afastado do governo federal em questões essenciais, como o acordo de reparação pelos desastres com barragens.
Ao criticar a mentalidade privatista em empresas como Petrobras, Eletrobras, Correios e Telebras, o presidente Lula apontou que a Vale, privatizada na década de 1990, "não tem dono", o que pode prejudicá-la no futuro.
"A Vale, que tinha uma diretoria, eu sabia quem era o presidente, a gente sabia quem era. Hoje, nessa discussão que a gente está, de fazer um acordo para receber dinheiro de Mariana, o dinheiro que prometeram para o povo, você não tem dono", disse Lula em visita na manhã desta terça-feira (27) ao Centro de Operações Espaciais Principal, da Telebras, em Brasília-DF.
O presidente vem criticando a mineradora a pagar indenizações às famílias atingidas pelos rompimentos de barragens de mineração em Mariana, em Minas Gerais, em 2015. A proposta da Samarco, mineradora controlada pela Vale e a BHP Billiton envolvida na tragédia, é de R$ 100 bilhões. A barragem da Samarco em Mariana se rompeu em novembro de 2015, liberando uma onda gigante de lama que matou 19 pessoas e deixou um rastro de destruição, atingindo florestas, comunidades e rios, inclusive o Doce, em toda a sua extensão até o mar do Espírito Santo.
"[É] uma tal de corporate que não tem dono, monte de gente com 2%, monte de gente com 3%. É que nem cachorro de muito dono. Morre de fome, morre de sede porque todo pensa que colocou água, todo mundo pensa que deu comida e ninguém colocou".
Nesta segunda-feira (26), a Vale anunciou que o atual vice-presidente executivo de Finanças e Relações com Investidores, Gustavo Pimenta, será o próximo presidente-executivo da companhia. A companhia vinha lidando há meses com o processo turbulento de escolha de seu próximo CEO, que só deveria ser concluído no final do ano. Pimenta foi eleito por unanimidade pelo colegiado da Vale para substituir Eduardo Bartolomeo como presidente.
O impasse no conselho sobre a sucessão da Vale ocorreu em meio a notícias de que o governo estaria tentando emplacar um nome como CEO da mineradora --o nome do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega teria sido cogitado. Em entrevista à Reuters, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, reafirmou que "nunca houve uma ingerência do governo com relação à Vale".
Mas Silveira também criticou, ao final de julho, a demora para a definição de um novo presidente da companhia, relatando que faltava na Vale alguém "com autoridade" para tratar de assuntos que são relevantes ao interesse nacional, como a conclusão de um acordo entre Vale, BHP e Samarco com autoridades para a reparação e compensação pelo rompimento de barragem em Mariana, em Minas Gerais, que ocorreu em 2015. Gustavo Pimenta reafirmou que companhia seguirá "com foco em geração e distribuição de valor, elevando a Vale a patamares ainda mais altos". (Com informações da Reuters).
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