Moody's eleva perspectiva do Brasil para "positiva" e reafirma nota de crédito
Ministério da Fazenda comemorou a mudança de perspectiva para o rating do país
Reuters - A Moody's reafirmou nesta quarta-feira (16) a classificação de risco de crédito do Brasil em Ba2 e alterou a perspectiva do país de "estável" para "positiva", conforme comunicado da agência de rating.
No texto, a agência avaliou que as perspectivas de crescimento real (descontada a inflação) do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil são mais robustas do que nos anos pré-pandemia, "apoiadas pela implementação de reformas estruturais em múltiplas administrações, bem como pela presença de barreiras de proteção institucionais que reduzem a incerteza em torno da direção política futura".
Conforme a Moody's, a alteração da perspectiva para "positiva" é sustentada pela avaliação de que "um crescimento mais robusto, combinado com um progresso contínuo, embora gradual, em direção à consolidação fiscal, pode permitir a estabilização do peso da dívida do Brasil".
"A Moody's espera que o crescimento real do PIB fique em média em torno de 2% em 2024-25 e no médio prazo, bem acima da taxa média anual pré-pandemia de -0,5% observada em 2015-19", afirmou a agência.
"O crescimento mais robusto do PIB nos últimos anos e no curto e médio prazo é, em parte, o resultado de reformas estruturais implementadas ao longo de sucessivas administrações", acrescentou no comunicado.
No entanto, a agência pontuou que existem riscos para a execução, por parte do governo, da consolidação do orçamento.
Ao tratar da manutenção do rating Ba2, a Moody's citou a dívida ainda elevada do Brasil.
"A classificação Ba2 reflete uma solidez fiscal ainda relativamente fraca, dada a rigidez dos gastos do Brasil, o elevado peso da dívida e a fraca capacidade de pagamento da dívida, que permanece sensível a choques econômicos ou financeiros", afirmou a agência.
"A Moody's espera que o peso da dívida provavelmente aumente ligeiramente em 2024-25, antes de se estabilizar dentro de alguns anos", acrescentou.
Uma das principais agências globais de rating de crédito, a Moody’s mantém a classificação Ba2 para o Brasil desde fevereiro de 2016, o que coloca o país no grupo de “grau especulativo”.
REAÇÃO DO GOVERNO - Em nota, o Ministério da Fazenda comemorou a mudança de perspectiva para o rating do país.
"Essa decisão é a primeira movimentação da Moody’s desde 2018, quando houve a mudança de perspectiva de negativa para estável, e reforça a melhoria na trajetória da nota de crédito verificada desde 2023, com a elevação do rating tanto pela S&P quanto pela Fitch", afirmou o ministério, citando as duas outras agências globais de classificação de risco.
Em dezembro do ano passado a S&P elevou a nota de crédito de longo prazo do Brasil para BB, de BB-. Antes disso, em julho de 2023, a Fitch havia elevado a nota de crédito do Brasil para BB, ante BB-. Ainda assim a classificação do país permaneceu em terreno especulativo em ambas as classificações.
Em sua conta na rede social X, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também destacou a decisão da Moody's.
"A Moody’s acompanhou as outras agências de risco ao reconhecer a mudança para melhor das nossas perspectivas econômicas. Isso tem a ver com o trabalho conjunto dos três poderes, que colocaram os interesses do país acima de divergências superáveis", escreveu Haddad.
"Mesmo com a deterioração momentânea da economia global, o Brasil caminha e recupera credibilidade econômica, social e ambiental", acrescentou.
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