"Não vamos jogar fora nenhuma oportunidade de fazer o Brasil crescer", diz Lula sobre explorar petróleo na Margem Equatorial
Presidente afirmou que o país dará "um salto de qualidade" quando passar a explorar a região. "Queremos fazer tudo respeitando o meio ambiente", salientou
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o Brasil não irá desperdiçar nenhuma oportunidade de crescimento econômico, o que inclui a exploração de petróleo e gás natural na chamada Margem Equatorial.
“Vocês vão ouvir meus ministros falarem, vão ouvir o que a gente está fazendo aqui nesse país, vão ouvir o presidente do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], vão ouvir a presidenta da Petrobras - que é importante porque a nossa petrobras está quase disputando com a Aramco; então é importante ter em conta de que nós, quando começarmos a explorar a chamada Margem Equatorial, que eu acho que a gente vai dar um salto extraordinário. Queremos fazer tudo legal, respeitando o meio ambiente, respeitando tudo, mas nós não vamos jogar fora nenhuma oportunidade de fazer crescer”, disse Lula durante a abertura do FII Priority Summit, um fórum internacional de investimentos organizado pelo Future Investment Initiative Institute, nesta quarta-feira (12), no Rio de Janeiro.
O encontro, que vai até a quinta-feira (13), reune líderes empresariais, políticos e especialistas de diversas áreas. As discussões girarão em torno de temas cruciais como a transição ecológica, inovação tecnológica e inclusão social, aspectos alinhados às prioridades do governo Lula.
Confira a íntegra do discurso do presidente Lula no Fórum da Iniciativa de Investimento Futuro, no Rio de Janeiro:
"É a primeira vez que o Brasil sedia uma edição da Iniciativa de Investimento Futuro.
Este espaço, que já se consolidou como a “Davos do Deserto”, não deixa nada a desejar para a Davos dos Alpes.
Ele confirma a consolidação de atores emergentes no debate econômico mundial, para além dos centros tradicionais.
Já é passada a hora de reconhecer o crescente peso de países como a Arábia Saudita e o Brasil, sócios cada vez mais próximos e parceiros nos BRICS.
Com minha visita a Riade, em novembro passado, e a recente visita do Vice-Presidente Alckmin, estamos dando impulso a essa colaboração.
A escolha do Rio de Janeiro para receber este evento sinaliza a confiança que os mais de mil participantes depositam em nosso país.
Estou aqui hoje para mostrar que o Brasil é digno dessa confiança.
Sempre digo que a coisa mais importante para um investidor é a estabilidade.
E isso o Brasil tem de sobra para oferecer.
Na esteira da Constituição Cidadã de 1988, aperfeiçoamos nossos marcos legais e garantimos estabilidade jurídica.
Com determinação, vencemos os fantasmas da inflação e da dívida externa e conquistamos estabilidade econômica.
Soubemos navegar pela crise de 2008 e, superado o impacto da pandemia, reencontramos o caminho do crescimento.
Contrariando as expectativas pessimistas, nosso PIB cresceu 2,5% nos últimos 12 meses.
Caminhamos para ser a oitava maior economia do mundo neste ano.
Até o final do mandato, podemos voltar a ser a sexta economia mundial, como fomos em 2011.
Nossa balança comercial bateu recorde em 2023, com o maior saldo da história.
As exportações entre janeiro e abril deste ano alcançaram a marca recorde de 108 bilhões de dólares, com aumento da participação de produtos da indústria de transformação.
Estamos arrumando a casa e colocando as contas públicas em ordem para assegurar equilíbrio fiscal.
O aumento da arrecadação e a queda da taxa de juros permitirão a redução do déficit sem comprometer a capacidade de investimento público.
A reforma tributária vai tornar nosso regime mais justo e eficiente, deixando de penalizar os mais pobres e dando mais competitividade à economia.
Mas sabemos que a economia não existe no vácuo.
O mercado não é uma entidade abstrata apartada da política e da sociedade.
Nada disso se sustenta sem estabilidade política e social.
Felizmente, demonstramos nossa resiliência frente à maior provação que o Brasil enfrentou em sua história recente.
Nossas instituições sobreviveram à tentativa de desmonte do Estado brasileiro e a democracia prevaleceu sobre os ataques de forças extremistas.
O governo reatou o pacto federativo com Estados e Municípios, retomou o diálogo com o Congresso e voltou a respeitar o Judiciário.
Por meio do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, a sociedade voltou a ser ouvida na definição de diretrizes e na formulação de políticas públicas.
Recuperamos a capacidade de planejar o desenvolvimento e enfim pudemos nos concentrar novamente no que realmente importa: melhorar a vida das pessoas.
Para isso, foi preciso recolocar o pobre no orçamento.
Restabelecemos a política de valorização do salário mínimo e reestruturamos programas sociais.
O desemprego no trimestre fevereiro a abril foi o menor desde 2014.
O tema deste Fórum é “investir na dignidade”. Essa é nossa prioridade.
Henry Ford já ensinava que os empresários só prosperam se os trabalhadores puderem consumir o que produzem.
De nada adianta construir ilhas de prosperidade cercadas de miséria.
Muito dinheiro na mão de poucos significa fome, doença, analfabetismo e criminalidade.
Mas se muitos têm pelo menos um pouco, a sociedade muda para melhor.
Em um cenário internacional de tantas incertezas, o Brasil se firma como porto seguro.
Somos um país amante da paz e avesso a rivalidades geopolíticas.
Dialogamos e negociamos com todos os que possam e queiram contribuir para o progresso do país e do mundo.
Em qualquer constelação de poder que se forme no panorama global, a estrela do Brasil continuará brilhando.
Estaremos lá para construir pontes e encurtar distâncias.
É esse o espírito das nossas presidências do G20 e dos BRICS e da COP do Clima em Belém.
O G20 é o lugar onde o Norte e o Sul se encontram para buscar consensos que tragam benefícios coletivos.
É espaço privilegiado para combater as desigualdades que persistem dentro de nossos países e entre eles.
A COP30 será um evento determinante para o planeta. Sem o esforço de todos, conforme suas responsabilidades e capacidades, o aquecimento global poderá atingir níveis catastróficos.
Estamos vivenciando isso em primeira mão com as enchentes do Rio Grande do Sul, cuja reconstrução demandará investimentos maciços do governo e do setor privado.
Não há negacionismo capaz de refutar a tragédia que se abateu sobre nossos irmãos gaúchos.
O investimento público é decisivo para induzir o desenvolvimento.
Mas o capital privado pode ser um aliado dinâmico, se Estado e empresariado convergirem em torno de uma mesma visão de futuro.
O Brasil que vislumbramos é um gigante da sustentabilidade e um peso pesado da segurança alimentar.
É um país capaz de ampliar sua produtividade agrícola com respeito ao meio ambiente e de renovar sua vocação industrial a partir da energia limpa e da inovação tecnológica.
O mapa do caminho para esse Brasil está desenhado no novo Programa de Aceleração de Crescimento e no Nova Indústria Brasil.
O novo PAC vai criar as condições necessárias para aumentar a competitividade da economia brasileira.
Entre fontes públicas e privadas, serão investidos recursos da ordem de 320 bilhões de dólares, 75% dos quais até 2026.
Vamos promover a modernização de nossa infraestrutura logística, construindo e ampliando rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos, e da rede elétrica, levando luz para todos.
Vamos tornar nossas cidades mais resilientes e aprimorar a infraestrutura de prestação de serviços sociais.
Também investiremos na integração física com nossos vizinhos, por meio de cinco rotas multimodais que cruzarão toda a América do Sul, ligando os oceanos Atlântico e Pacífico.
A Nova Indústria Brasil vai mobilizar linhas de financiamento, compras governamentais e melhorias regulatórias para fomentar setores estratégicos para nosso desenvolvimento sustentável.
Em 16 meses de governo, já foram aprovados 15 bilhões de dólares para projetos voltados à inovação, sustentabilidade e ampliação da produtividade e da capacidade exportadora brasileira.
Em um mundo cujas bases econômicas serão revolucionadas pelas transições energética e digital, o Brasil desponta como celeiro de oportunidades.
Nossa visão de desenvolvimento sustentável para a Amazônia, um dos biomas mais importantes do planeta, está alicerçada no potencial da bioeconomia.
Somos hoje um dos países com a matriz energética mais limpa.
88% de nossa eletricidade provêm de fontes renováveis como a biomassa, a hidrelétrica, a solar e a eólica.
Fizemos a opção pelos biocombustíveis há quarenta anos, muito antes que a discussão sobre alternativas a combustíveis fósseis ganhasse tração.
Há alguns dias inauguramos a maior planta de etanol de segunda geração do mundo.
Fomos os pioneiros e continuamos na vanguarda da bioenergia.
Isso nos coloca em vantagem para ocupar espaços em outros nichos importantes como o da produção do hidrogênio verde e de minerais críticos.
O Brasil tem potencial para se tornar o maior produtor de hidrogênio verde do mundo. E temos grandes reservas de minerais estratégicos como nióbio, grafite, níquel e terras raras.
Buscamos parceiros interessados em agregar valor a esses recursos em nosso território.
A condição de mero exportador de matérias-primas não nos convém.
Podemos produzir localmente aço verde e componentes de baterias elétricas e gerar assim mais renda para nossa população.
Os veículos elétricos são o motor do atual renascimento da indústria automotiva brasileira.
Não queremos simplesmente instalar maquiladoras. Somos perfeitamente capazes de produzir peças e componentes no país.
Já somos líderes em vários setores ligados à alta tecnologia.
Nossa competência é amplamente reconhecida na produção de ônibus elétricos e aeronaves.
O potencial da indústria aeronáutica brasileira é tão grande que já estamos falando nos primeiros protótipos de veículos elétricos de decolagem e pouso vertical.
Estamos prontos para explorar novas fronteiras tecnológicas.
Vamos elaborar um plano nacional sobre inteligência artificial, que vai mapear a infraestrutura de processamento necessária para atender áreas estratégicas.
Essas são as razões que explicam porque o Brasil se tornou o segundo maior destino de investimentos estrangeiros diretos em 2023.
Vejo no relacionamento com a Arábia Saudita grande potencial de ganhos recíprocos e quero que seja exemplo modelar para as relações sul-sul que almejamos promover.
Há claros pontos de convergência entre nossos projetos de desenvolvimento.
O objetivo da “Visão 2030” de diversificar a economia e fazer crescê-la com inovação, é também o que nos move.
Temos grandes expectativas em relação à criação do Fundo bilateral para Investimentos em Oportunidades Especiais, que fortalecerá ainda mais a parceria entre nós.
A Arábia Saudita sempre terá no Brasil um sócio privilegiado.
Tenho certeza que este evento proporcionará proveitosos debates e negócios e convido todos a investirem, cada dia mais, em nosso país.
Muito obrigado."
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