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Paper Excellence planeja fábrica própria em MG enquanto barra expansão da Eldorado

Negociações já envolvem benefícios fiscais e terras disponíveis. Como minoritária na Eldorado, estrangeira atua contra a construção da segunda linha de produção da empresa no MS

Eldorado Celulose (Foto: Divulgação)

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247 - A sino-indonésia Paper Excellence está negociando com o governo de Minas Gerais a construção de uma fábrica de celulose na região de Montes Claros, ao mesmo tempo em que vota para barrar a expansão da capacidade de produção da concorrente Eldorado Brasil, na qual tem papel de acionista minoritária. A informação foi publicada nesta terça-feira (14) pelo jornal Valor Econômico e confirmada pela reportagem.

As conversas em Minas Gerais estão sendo conduzidas com a Invest Minas, agência de promoção e investimentos do governo estadual, segundo um documento da agência obtido pela reportagem. 

Entre os municípios candidatos ao investimento estão Buritizeiro, Pirapora e Grão Mogol. Em um raio de 200 km de Buritizeiro, a consultoria Canopy identificou cerca de 700 mil hectares plantados de eucalipto. Somada a outras áreas com potencial para o plantio de florestas, a área disponível para abastecer a futura fábrica supera a 1 milhão de hectares, segundo a Invest Minas informou à empresa.

A Invest Minas está conduzindo agora um levantamento junto aos proprietários de terras de diversas regiões do estado para mapear a disponibilidade de áreas para a Paper Excellence. Entre janeiro e março foram realizadas cinco reuniões com proprietários, em diferentes municípios do estado. No total, foram coletados 28 formulários de empresas que possuem áreas com eucalipto ou disponíveis para esse plantio.

O governo mineiro também já listou propostas de facilidades tributárias à Paper, além de ter mapeado possíveis acordos envolvendo a malha ferroviária que já atende operações de celulose no estado.

Ao mesmo tempo em que avança em seu projeto em Minas Gerais, a Paper Excellence tenta impedir a expansão da produção da Eldorado. Pela primeira vez na história, em mais de cinco anos como acionista da empresa, a Paper votou para que a Eldorado distribuísse 100% de seu lucro de 2023 na forma de dividendos. A proposta foi derrotada na assembleia de acionistas realizada em 30 de abril.

O lucro da Eldorado no ano passado foi de R$ 2,3 bilhões, quase 10% do orçamento estimado para os projetos de investimento ligados à construção da segunda linha de produção da empresa, em Três Lagoas (MS).

Além de tentar evitar que a Eldorado retivesse esses lucros para investir em sua expansão, a proposta da Paper colocaria mais de R$ 1 bilhão em seu bolso. O custo de uma fábrica de celulose de tamanho padrão, acima de 2 milhões de toneladas de capacidade anual, gira hoje em torno de R$ 20 bilhões.

Nas cinco assembleias de acionistas anteriores, desde 2019, a Paper sempre havia votado pela retenção integral do lucro da Eldorado na própria empresa. A mudança ocorre após o empresário Wesley Batista, da J&F Investimentos, controladora da Eldorado, ter afirmado em um evento que a holding apoiaria a construção imediata da Linha 2 pela Eldorado.

A expansão dos negócios da Eldorado entrou na mira do grupo Asia Pulp & Paper, controlada pela mesma família da Paper, porque colocará no mercado global mais 2,6 milhões de toneladas de celulose por ano. Ou seja, abastecerá, inclusive, a concorrência da controladora da Paper na Ásia, principal destino das exportações da empresa brasileira.

Na prática, a Paper tem preocupações competitivas em relação à Eldorado. Atualmente, a Paper e J&F Investimentos disputam 100% da empresa de celulose na Justiça. Mas, por enquanto, a estrangeira tem 49,5% das ações e a brasileira 50,5%.

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