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    Por 344 a 154 votos, Câmara aprova, em primeiro turno, PEC do ajuste fiscal

    Texto-base limita acesso ao abono salarial, reduz repasses ao Fundeb e endurece regras contra supersalários

    Câmara dos Deputados (Foto: Lula Marques/ Agência Brasil)
    Camila França avatar
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    247 - A Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira (19), em primeiro turno, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do ajuste fiscal, que promove mudanças significativas em benefícios sociais e na gestão de recursos públicos. Com 344 votos favoráveis e 154 contrários, o texto ainda será submetido a uma segunda rodada de votação antes de seguir para o Senado. A informação foi divulgada pelo portal G1.

    A medida integra o pacote de ajuste fiscal do Ministério da Fazenda, projetado para equilibrar as contas públicas e gerar uma economia de até R$ 2 bilhões nos próximos anos. O texto aprovado apresenta mudanças nos critérios de concessão do abono salarial, nos repasses para a educação básica e na regulamentação de supersalários no funcionalismo público.

    Abono salarial mais restrito

    Uma das alterações mais relevantes é a limitação progressiva ao acesso ao abono salarial, um benefício similar a um 14º salário pago a trabalhadores de baixa renda. Em 2025, somente quem recebeu até dois salários mínimos no ano-base de 2023 (R$ 2.640) terá direito ao abono.

    A partir de 2026, o critério será ajustado pela inflação, enquanto o salário mínimo deverá ter ganho real. Nos anos seguintes, o limite será ainda mais rigoroso, restringindo o pagamento a quem ganha até 1,5 salário mínimo. Segundo o Ministério da Fazenda, a medida poderá gerar uma economia de R$ 2 bilhões até 2027.

    Redução nos repasses ao Fundeb

    A PEC também desidrata parte dos repasses ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), ao criar uma nova categoria de distribuição de recursos para a educação em tempo integral.

    Hoje, a União complementa o Fundeb com pelo menos 23% dos recursos destinados à educação básica, baseando-se em critérios como evolução de indicadores educacionais. A proposta original do governo permitia que até 20% desses repasses fossem direcionados à educação em tempo integral. Contudo, o texto aprovado na Câmara limitou esse percentual a 10% em 2025.

    Na prática, a medida reduz a verba disponível para outros programas do Fundeb e permite ao governo redirecionar recursos antes vinculados ao Ministério da Educação.

    Endurecimento contra supersalários

    A PEC também prevê a criação de uma lei específica para barrar supersalários no funcionalismo público. A intenção é limitar pagamentos que superem o teto salarial de R$ 44 mil em 2024 e R$ 46,3 mil em 2025.

    A medida endurece regras sobre “penduricalhos”, como auxílio-moradia e outras verbas indenizatórias, que atualmente não são contabilizadas no teto. Contudo, para atender a pressões de servidores públicos, a Câmara permitiu que esses benefícios continuem sendo pagos até que uma nova legislação seja sancionada.

    Desvinculação de receitas públicas

    Outro ponto importante é a prorrogação, até 2032, da desvinculação de parte das receitas da União. Isso permite ao governo usar livremente recursos antes obrigatoriamente alocados em áreas como saúde e educação. A alíquota de desvinculação foi mantida em 30% da arrecadação, mas agora inclui também receitas patrimoniais, como dividendos e royalties.

    Além disso, alterações futuras nos pisos constitucionais para saúde e educação deverão seguir limites de crescimento previstos no arcabouço fiscal, restringindo o aumento das despesas públicas.

    Próximos passos

    Após a aprovação em primeiro turno, a PEC deverá ser analisada novamente pela Câmara em uma segunda votação. Se passar, seguirá para o Senado Federal, onde também precisará ser aprovada em duas votações para entrar em vigor e integrar a Constituição Federal, promovendo mudanças profundas na gestão fiscal do Brasil.

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