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Varejo recua fortemente em agosto

As vendas no varejo tiveram em agosto queda de 3,1%, ficando muito aquém da expectativa de avanço de 0,7%, de acordo com dados do IBGE divulgados nesta quarta-feira. A mistura de inflação persistente com atividade fraca irá jogar ainda mais pressão sobre a classe política para tentar “fazer algo” e isto pode gerar ruídos ao longo dos próximos dias

(Foto: REUTERS/Amanda Perobelli)

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Por André Perfeito* - Os dados divulgados há pouco pelo IBGE sobre o Varejo de agosto veio muito pior que as estimativas e recua 3,1%. Em relação ao mesmo período do ano passado a queda é de 4,1%.

A leitura preliminar dos dados é muito ruim e devemos rever o PIB de 2021 e 2022 para baixo.

A mistura de inflação persistente com atividade fraca irá jogar ainda mais pressão sobre a classe política para tentar “fazer algo” e isto pode gerar ruídos ao longo dos próximos dias. A dinâmica se torna mais desafiadora.

O setor varejista brasileiro vacilou em agosto e registrou queda inesperada nas vendas, a mais intensa desde o final de 2020 apesar da reabertura da economia.

Segundo informações da Reuters, as vendas no varejo tiveram em agosto queda de 3,1%, ficando muito aquém da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,7%, mostraram os dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Foi a queda mais forte desde o recuo de 6,1% visto em dezembro de 2020, marcando também a mais intensa para meses de agosto desde o início da série histórica.

Ainda assim, o comércio varejista está no momento 2,2% acima do patamar pré-pandemia, embora já tenha chegado a ficar mais de 5% acima, segundo o IBGE.

Em relação a agosto de 2020, as vendas recuaram 4,1%, contra expectativa de um avanço de 2,0%, na primeira variação negativa após cinco meses de alta.

"Temos vários elementos para além da questão sazonal para essa amplitude negativa. Até julho o comércio tinha um patamar alto e bem perto do recorde de novembro de 2020", disse o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.

"(Mas também) a inflação segue pressionando e sendo importante para o indicador. E a retração na renda compromete e retira um poder de compra e uma capacidade de consumo das famílias brasileiras", completou.

O cenário atual ainda é de elevação dos juros, o que encarece o crédito --no mês passado, o Banco Central elevou a taxa básica Selic a 6,25% ao ano

ARTIGOS PESSOAIS E SUPERMERCADOS

Das oito atividades pesquisadas, em agosto seis apresentaram perdas nas vendas. A maior influência negativa partiu da queda de 16% de Outros artigos de uso pessoal e doméstico --composta por exemplo por grandes lojas de departamentos-- na comparação com julho.

De acordo com o IBGE, a queda nessa atividade se dá depois de o consumo ter sido antecipado em julho diante de descontos dados pelos varejistas.

Também recuaram no período os setores de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-4,7%), combustíveis e lubrificantes (-2,4%), móveis e eletrodomésticos (-1,3%), livros, jornais, revistas e papelaria (-1,0%) e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,9%).

“Hiper e supermercados, assim como combustíveis e lubrificantes, vêm sendo impactados pela escalada da inflação nos últimos meses, o que diminui o ímpeto de consumo das famílias e empresas", explicou Santos.

Somente Tecidos, vestuário e calçados (1,1%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,2%) apontaram aumento no volume de vendas em agosto.

O comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção, registrou queda de 2,5% em agosto na comparação com julho.

O volume de vendas de veículos, motos, partes e peças teve aumento de 0,7%, mas o de material de construção perdeu 1,3%.

* André Perfeito é o economista-chefe da corretora de valores Necton

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