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      Aposentada abre produção artesanal de azeite de oliva e conquista mercado brasileiro

      Azeites frescos preservam melhor os antioxidantes e as gorduras saudáveis, trazendo mais sabor e potencializando seus benefícios para a saúde

      Empreendedora Vera Masagão Ribeiro (Foto: Divulgação)
      Redação Brasil 247 avatar
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      Beatriz Bevilaqua, 247 - O mercado de azeite de oliva tem crescido globalmente, com destaque para países mediterrâneos como Espanha, Itália e Grécia, tradicionais líderes na produção. No Brasil, embora o consumo de azeite tenha historicamente dependido de importações, a produção nacional vem ganhando espaço, especialmente na região da Mantiqueira, onde o clima e a altitude favorecem a produção de azeites de alta qualidade.

      No episódio desta semana no programa “Empreender Brasil”, da TV 247, entrevistamos Vera Masagão Ribeiro. Após mais de 30 anos dedicados à Educação e ao terceiro setor, ela decidiu se reinventar. Aposentada desde 2008, Vera encontrou um novo propósito no cultivo de oliveiras em São Bento do Sapucaí. Hoje, à frente da empresa OLIQ, ela lidera uma agroindústria e um restaurante, combinando tradição e inovação para produzir azeites de alta qualidade.

      "Atualmente, 99% do azeite consumido no Brasil é importado. No entanto, o azeite nacional é mais fresco e, ao contrário do vinho, quanto mais novo o azeite, melhor ele é. Portanto, quando um concorrente consegue convencer alguém de que o azeite brasileiro é de boa qualidade, isso também me beneficia diretamente. O mercado é muito grande e há espaço para todos", explicou Vera.

      Ainda que o mercado de azeite no Brasil seja dominado por produtos importados, os produtores locais enxergam uma oportunidade valiosa para conquistar os consumidores com o diferencial do frescor. Afinal, os azeites daqui preservam melhor os antioxidantes, como os polifenóis, e as gorduras saudáveis, trazendo mais sabor e potencializando seus benefícios para a saúde, como a proteção cardiovascular e a ação anti-inflamatória.

      "A nossa produção é totalmente artesanal com mais de 10 mil oliveiras, de diversas variedades, cujos frutos resultam em azeites extravirgens especiais. O azeite importado chega aqui como uma commodity, produzido em larguíssima escala, muitas vezes de safras antigas. O nosso azeite, não. Ele é fresco, engarrafado no mesmo ano da colheita. Isso faz toda a diferença”, explica Vera.

      Hoje, a empresa conta com cerca de 40 funcionários, incluindo trabalhadores da fazenda, da área industrial e do restaurante. A inclusão da mão de obra feminina é um ponto de orgulho para a empreendedora. "Abrimos um campo enorme de trabalho para as mulheres. Acho importante reforçar essa autonomia da mulher e dar oportunidade dentro do mundo do trabalho, especialmente no rural, que sempre foi um desafio maior”, disse.

      Em 2024, mais de 50 mil unidades de azeite de oliva extravirgem foram vendidos, sem contar com os outros produtos e serviços sustentáveis da fazenda. Vera explica a importância de se reinventar permanentemente. “Nosso cliente vem até aqui, conhece a produção, depois senta no restaurante e experimenta o azeite em pratos variados, até mesmo em sobremesas e drinks. A gente serve um drink com azeite, sabe? De alguma forma, você captura o cliente", conta.

      Apesar do sucesso, ela reconhece os desafios da localização. "Estamos numa zona rural. Agora já temos uma estrada, apesar de estreita e sinuosa. Também há uma outra estrada de terra mais curta, mas cheia de buracos. A gente vive brigando com a prefeitura para manter o acesso em condições, porque, se o funcionário não consegue chegar, os turistas também não. É uma luta", explica Vera. 

      Mesmo assim, a empreendedora vê vantagens. Ela destaca que outras regiões brasileiras, especialmente no sul, ainda enfrentam mais dificuldades para desenvolver o turismo associado à produção de azeite. "Aqui, a gente já tem um circuito de cidades que atraem visitantes, como Campos do Jordão, Monteiro Lobato e Santo Antônio do Pinhal, além de Gonçalves, em Minas Gerais. As pessoas vêm para descansar, curtir o clima de montanha e, cada vez mais, pelo turismo enogastronômico, que tem crescido muito", enfatiza.

      Desafios climáticos

      A oliveira necessita de frio intenso no inverno para frutificar. São necessárias cerca de 400 horas abaixo de 10°C para garantir uma boa produção. Em regiões mais quentes, a árvore cresce, mas não dá frutos. "Ela vira uma árvore bonita, usada até como paisagem, mas sem o estresse do inverno, não floresce e não frutifica", explica Vera.

      Diante das mudanças climáticas, diversificar a produção e buscar variedades mais adaptadas ao calor se tornou essencial. "É uma ameaça real. A gente aposta muito que haja pesquisa para identificar variedades menos exigentes de frio", afirma Vera. Esse esforço, porém, não depende apenas dos produtores. "A gente não consegue fazer tudo sozinho. Contamos com o apoio de órgãos de pesquisa, como a Embrapa, para encontrar alternativas viáveis", destaca.

      Vera e outros produtores também se organizam para fortalecer a pesquisa no setor. "Participamos de uma associação de olivicultores e, juntos, incentivamos os centros de pesquisa a buscar soluções agronômicas. Esse é o nosso caminho e a nossa esperança", conclui.

      Assista a entrevista na íntegra;

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