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    “A queda de Assad é um golpe no eixo da resistência, mas não altera a luta contra o imperialismo”, diz Lejeune Mirhan

    Análise de Lejeune Mirhan aborda a complexidade da geopolítica e as consequências da queda de Bashar al-Assad na Síria

    (Foto: Reuters | Divulgação )

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    247 - O sociólogo, analista internacional e comentarista Lejeune Mirhan apresentou uma visão detalhada e crítica sobre a recente tomada de Damasco por grupos insurgentes e a queda do governo de Bashar al-Assad. Durante entrevista ao programa Boa Noite 247, Mirhan destacou o impacto desse evento sobre o eixo da resistência no Oriente Médio e suas implicações para o mundo multipolar. A análise foi transmitida no dia 8 de dezembro de 2024, e integra um momento histórico de intensas transformações geopolíticas.

    “Foi uma fratura no eixo da resistência, mas não altera as principais equações geopolíticas,” afirmou Mirhan, referindo-se à coalizão formada por Síria, Irã, Líbano e Iraque contra as forças imperialistas no Oriente Médio. Ele explicou que a Síria desempenhava um papel central nessa aliança devido à sua postura anti-imperialista e ao apoio à causa palestina. “A queda do governo Assad, orquestrada pelo Ocidente, é parte de um projeto mais amplo de desestabilização da região,” completou.

    Impactos na multipolaridade e resistência

    Para Lejeune, o mundo multipolar, embora fortalecido nos últimos anos por iniciativas como o BRICS, sofre “arranhões” significativos com o enfraquecimento da Síria. Ele ressaltou a importância estratégica do país na região, mencionando que “Damasco é uma das cidades mais antigas do mundo e simboliza a resistência histórica ao imperialismo.” Apesar disso, Mirhan acredita que a transição não é o fim da luta. “Assad liderará a resistência do exílio, como Khomeini fez no Irã antes de 1979.”

    Ele apontou também a ação de potências como Rússia e Irã, que, embora comprometidas com a estabilidade regional, enfrentam desafios próprios, como a guerra na Ucrânia e sanções econômicas. “A Rússia, por exemplo, não pode travar duas guerras simultaneamente. O máximo que fez foi garantir a segurança de Assad e sua família em Moscou,” analisou.

    Desafios internos e externos na Síria

    O exército sírio, exaurido por mais de uma década de guerra, foi outro ponto central da análise. Mirhan destacou as táticas de guerrilha utilizadas pelos insurgentes e a vulnerabilidade econômica do país, que há anos sofre com sanções impostas por potências ocidentais. “É um exército cansado, mal remunerado, enfrentando grupos bem financiados por Arábia Saudita, Israel e Estados Unidos,” explicou.

    Ele também alertou para a fragmentação territorial da Síria, com a entrada de tropas turcas e israelenses em áreas estratégicas. “A Síria começa a seguir o mesmo caminho do Iraque, retalhada por interesses estrangeiros e mergulhada no caos,” lamentou.

    Contradições no Oriente Médio

    Mirhan chamou a atenção para contradições no contexto regional, como a postura do Hamas, que saudou a queda de Assad, em oposição ao Hezbollah, que condenou o evento como “uma tragédia.” Ele relacionou essas divisões internas ao enfraquecimento do eixo da resistência. “Enquanto Israel comemora, setores palestinos demonstram alinhamento contraditório com forças financiadas por seus opressores históricos,” afirmou.

    Conclusões e projeções

    Apesar de reconhecer as dificuldades, Mirhan mantém uma visão otimista quanto à continuidade da resistência na região. “O imperialismo estadunidense vibra com esses desdobramentos, mas não conseguiu destruir a luta dos povos árabes contra a dominação externa,” declarou.

    A entrevista encerrou com uma reflexão sobre os próximos passos para a reconstrução da Síria e o impacto da situação no equilíbrio global. “A luta contra o hegemonismo continuará, e novas lideranças surgirão para retomar o caminho da soberania e da justiça social,” concluiu. Assista: 

     

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