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    Alysson Mascaro: "A esquerda sofreu um strike nas eleições municipais"

    Filósofo e jurista analisa as derrotas da esquerda e destaca a politização à direita, assim como o esvaziamento das pautas progressistas

    (Foto: Bruno Cruz / Agência Pará)
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    247 – Em entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, o filósofo e jurista Alysson Mascaro abordou as recentes eleições municipais no Brasil, ressaltando o desempenho decepcionante das candidaturas de esquerda e a ascensão das forças conservadoras. Para Mascaro, a situação atual é resultado de um processo contínuo de enfraquecimento político e ideológico dos movimentos progressistas, que, segundo ele, se deixaram levar pelo liberalismo e perderam a capacidade de mobilização.

    "A esquerda não saiu do buraco nas eleições municipais. Conseguiu apenas algumas prefeituras municipais. O resultado foi pífio – e até chocante", afirmou o jurista, destacando que, mesmo com algumas vitórias pontuais, o cenário geral foi de retrocesso. Para ele, o que se passa hoje no Brasil é reflexo de um processo mais amplo, onde "a sociedade brasileira foi politizada pela direita, e a esquerda não politiza. Não sabe e não quer fazer isso".

    Um strike na esquerda e a ascensão da extrema-direita

    Mascaro foi incisivo ao afirmar que "a esquerda sofreu um strike na eleição municipal", alertando que o movimento progressista tem renunciado a se posicionar de maneira efetiva e clara. "Quando a esquerda renuncia a falar que é de esquerda, aí se dá o strike total", ressaltou. Para ele, a esquerda atual se contentou com posições de centro, e isso a descaracteriza: "Se a esquerda se contentar com o centro, ela não é esquerda. Ela é o centro".

    Ao analisar o resultado das eleições em São Paulo, Mascaro destacou que a esquerda por pouco não passou para o segundo turno. "Em São Paulo, por muito pouco, 1%, a esquerda passou para o segundo turno. Ou seja, um fator de sorte", diz ele, referindo-se à candidatura de Guilherme Boulos, do PSOL, com apoio do PT. Para ele, essa fragilidade demonstra a falta de uma base sólida de apoio popular e a dificuldade de mobilizar eleitores diante da força crescente da extrema-direita.

    A armadilha do liberalismo

    Segundo Mascaro, o problema é que "o que passa por esquerda no mundo é o liberalismo. Liberalismo e neoliberalismo são a mesma coisa", criticando a incapacidade dos partidos progressistas de se desvincular das práticas liberais e adotar uma postura mais combativa e transformadora. "O PT estava à esquerda do Partido Democrata quando surgiu. Passaram-se 40 anos, e ele está emparelhado com o Partido Democrata", afirmou, referindo-se ao alinhamento do partido brasileiro com as políticas liberais que, na sua visão, não atendem às demandas reais da população.

    Para Mascaro, essa postura diluída explica por que a direita e a extrema-direita têm conquistado tanto espaço no cenário político brasileiro. "Estamos produzindo de baciada uma sociedade para a extrema-direita", pontuou. "Na última década, o Brasil trocou o método de fazer política. Até recentemente, a política era guiada pela entrega de resultados práticos. Agora, o brasileiro ganhou consciência política de direita e de extrema-direita".

    A necessidade de romper com o centro

    O filósofo destacou que é preciso romper com a ilusão de que a moderação é o caminho para a vitória eleitoral da esquerda. "Como brota uma esquerda no mundo hoje se a que aí está é liberal?", questionou. Para ele, a única forma de enfrentar a extrema-direita é assumindo uma postura radical e transformadora que desafie diretamente a ordem capitalista e suas injustiças. "Diante da crise do capitalismo, os arruaceiros conquistam os eleitores", afirmou Mascaro, explicando que é esse discurso antissistema que atrai a população.

    Ele exemplificou o fenômeno com a ascensão de figuras como Pablo Marçal, que emergiu no cenário político como um candidato exótico e provocador. "Pablo Marçal não é uma flor que brotou no pântano. Ele é o pântano", declarou, reforçando que a extrema-direita se alimenta do caos e do descontentamento generalizado, enquanto a esquerda, ao se moderar, perde a capacidade de mobilizar e inspirar.

    O caminho para a reconstrução

    Mascaro concluiu que a esquerda precisa urgentemente "perder as ilusões" e se reorganizar para enfrentar a extrema-direita de maneira efetiva. "Não dá mais para imaginar que na mesma toada 2026 será bom", alertou. Para ele, é necessário que a esquerda resgate seu papel de contestadora do sistema e se posicione de forma clara e assertiva. Só assim será possível mobilizar a população e construir um movimento que vá além das eleições e das disputas pelo poder.

    "O liberalismo não é a solução para os problemas estruturais da sociedade brasileira. Precisamos de uma esquerda que não tenha medo de se posicionar e de desafiar o sistema", concluiu Mascaro, deixando claro que a retomada das pautas progressistas exige coragem e disposição para confrontar diretamente os pilares do capitalismo. Assista: 

     

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