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    "Anti-intelectualismo é peça fundamental da extrema direita", diz Vassoler

    Filósofo analisa a influência global de Trump e Bannon e aponta o risco da América Latina se tornar "terra de ninguém"

    (Foto: Divulgação | REUTERS)

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    247 - Em entrevista ao programa Brasil Agora, o filósofo Flavio Ricardo Vassoler apresentou uma análise profunda sobre o papel do anti-intelectualismo na consolidação de movimentos de extrema direita pelo mundo, com destaque para a influência dos Estados Unidos e a figura de Donald Trump. Segundo Vassoler, a recente ascensão de Trump, apoiada pelo estrategista Steve Bannon, reconfigura a geopolítica da extrema direita global, abrindo espaço para o fortalecimento de ideologias autoritárias na América Latina e além.De acordo com o filósofo, o fenômeno de extrema direita é caracterizado por um desprezo acentuado pelo conhecimento e pelo anti-intelectualismo. Vassoler compara Trump, Bannon e outros líderes da direita mundial aos “três patetas” do fascismo contemporâneo, ressaltando que eles compartilham a aversão à educação e à compreensão profunda do mundo. “Eles não gostam muito de livros. São pessoas que, desde o fascismo histórico até o neofascismo, mantêm uma tradição de ódio ao conhecimento. Essa é uma característica fundamental da extrema direita: o antiintelectualismo e o ódio ao saber”, enfatiza o filósofo.

    A “internacional fascista” e o papel de Bannon

    Vassoler também destacou a atuação de Bannon como articulador de uma “internacional fascista”, que visa coordenar movimentos extremistas em várias partes do mundo, inclusive na América Latina. Para o filósofo, Bannon representa o “amálgama” dessa rede neofascista que, embora se valha de um discurso nacionalista, compartilha uma estratégia global para promover governos autoritários e barrar o crescimento econômico de regiões como a América Latina. “Trump e Bannon veem a América Latina com desdém e querem impedir o avanço das rotas da seda da China. É uma aliança que coloca regimes títeres e busca pilhar recursos ao redor do mundo.”

    O futuro da América Latina: uma “terra de maquiladoras”?

    Vassoler alerta para o risco de a América Latina se tornar uma “terra de ninguém”, em que empresas ocidentais, pressionadas pela disputa tecnológica com a China, transfeririam suas fábricas e operações industriais para o continente. Ele menciona o exemplo do México, onde as maquiladoras – fábricas que montam produtos com baixo custo para grandes corporações – servem como símbolo de exploração econômica. Para o filósofo, a América Latina pode se transformar em um “grande bolsão industrial” de produção barata, enquanto os benefícios desse crescimento são drenados para outras regiões.

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