“Banco Central independente é propaganda neoliberal”, diz Bresser-Pereira
Economista elogiou as críticas do presidente Lula à taxa básica de juros e ao presidente do BC
247 - O economista Luiz Carlos Bresser-Pereira, um dos mais renomados do país, foi enfático ao declarar, em entrevista à TV 247, que a chamada ‘independência’ do Banco Central não passa de um truque ideológico dos neoliberais.
Ele elogiou as críticas do presidente Lula ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, e à taxa básica de juros, mantida a 13,75%. Segundo o economista, o crescimento econômico encontra-se impedido nas condições atuais.
“Banco Central independente é propaganda neoliberal. Nos Estados Unidos, que é o centro do neoliberalismo, não há isto. Onde houve isto, e continua havendo até um certo ponto é na Europa. Quando eles criaram o euro, eles criaram também o Banco Central Europeu e fizeram um Banco Central independente. Inclusive, eles tiveram um problema: tornar independente de quem? Eles ficaram sem um governo Executivo, só tem o Parlamento, mas o governo eles não tinham para isso. E o resultado foi um desastre. Quando houve a crise do euro em 2010, a Europa quase quebrou. Os países do Sul da Europa quase quebraram porque o presidente do Banco Central era um imbecil”, disse Bresser-Pereira.
“Aí mudaram de presidente. O novo presidente, o (Mauro) Draghi, entendeu que aquilo era absurdo e resolveu garantir o financiamento dos países que estavam sendo vítimas de especulação financeira. E aí então, pelo menos a crise financeira parou. Depois tinha ainda a crise econômica para resolver. Então, isso não faz sentido. Claro que é importante que o Banco Central tenha uma relativa autonomia, e isso é muito bom. E nós tivemos isso durante muitos anos e funcionava muito bem. Não havia nenhuma necessidade da aprovação de um mandato fixo para o presidente do Banco Central. Isso está criando realmente uma situação muito desagradável”, prosseguiu.
“E por que o presidente Lula fala sobre isso? Porque ele é o comandante da nação. Ele tem um programa de governo, ele tem uma responsabilidade perante a sociedade brasileira. Então, ele tem que falar forte e firme. Ele não pode ficar tentando mostrar as coisas devagarzinho, ‘vamos com calma’. Nada disso, quando é uma coisa tão grave quanto essa, é papel dele fazer o que está fazendo, com a coragem que lhe é própria. Vamos ver o que acontece mais à frente com isto”, acrescentou.
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