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    "Bolsonarismo transitou de guerra cultural a terrorismo doméstico", afirma João Cezar de Castro Rocha

    Historiador analisa a evolução do bolsonarismo e destaca como redes sociais e discursos de ódio moldaram ações extremistas no Brasil

    (Foto: ABR | Divulgação )

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    247 - Em entrevista ao programa Brasil Agora, da TV 247, o escritor e historiador João Cezar de Castro Rocha afirmou que o bolsonarismo, inicialmente configurado como um movimento de guerra cultural, evoluiu para o que chamou de "terrorismo doméstico". Segundo o historiador, essa transição foi potencializada por um ecossistema de redes sociais que amplifica discursos de ódio e desinformação.

    “O bolsonarismo, em si, como movimento político de massas reacionário de extrema-direita, não é necessariamente terrorista. No entanto, sua evolução no contexto brasileiro levou a um rápido trânsito para ações que se confundem com terrorismo doméstico”, declarou.

    Rocha destacou que as redes sociais desempenham um papel fundamental na disseminação de narrativas extremistas, utilizando algoritmos que favorecem conteúdos violentos e polarizadores. “As plataformas digitais estão configuradas de maneira a valorizar estruturalmente a virulência e a violência simbólica, o que acaba fortalecendo discursos de extrema-direita”, explicou.

    O historiador também vinculou a retórica do ódio a episódios recentes de violência política no Brasil, incluindo ataques ao Supremo Tribunal Federal. “O bolsonarismo criou um ecossistema comunicacional que mantém sua base permanentemente mobilizada e convencida, por exemplo, de que as eleições de 2022 foram fraudadas. Isso faz com que a simples aceitação de uma derrota se torne impossível para um bolsonarista raiz”, afirmou.

    Rocha chamou a atenção para o uso da religião e da espiritualidade como ferramenta de mobilização política. “A partir do momento em que Bolsonaro se transforma no ‘ungido’, o bolsonarismo deixa de ser apenas um movimento político e passa a operar como uma crença religiosa. Isso reforça a radicalização de sua base.”

    Ele também criticou a ideia de “lobo solitário” em casos de violência associados ao bolsonarismo. “Em 99% dos casos, essa narrativa é um mito. A ação de indivíduos radicalizados só faz sentido dentro de um ecossistema de ódio estruturado, que tem nomes e CPF no Brasil.”

    Rocha finalizou alertando para os perigos do uso contínuo das redes sociais como amplificadoras do extremismo. “O que vemos hoje é um fenômeno global, onde plataformas lucram com a viralização da violência simbólica. Essa estrutura só tende a reforçar discursos e práticas de exclusão, com consequências que se traduzem em tragédias como as que temos acompanhado.” Assista: 

     

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