"Bolsonaro age como se estivesse acima da lei", diz Attié
Jurista Alfredo Attié critica a permanência de Bolsonaro na política e alerta para a ameaça contínua da extrema-direita
247 - O jurista Alfredo Attié alertou para os riscos da impunidade de Jair Bolsonaro e a permanência da mobilização bolsonarista, em entrevista ao programa Boa Noite 247. Ele destacou a recente explosão de uma bomba caseira no Terminal de ônibus de Pinheiros, em São Paulo, como um reflexo da capacidade da extrema-direita de agir de forma descontrolada e imprevisível. Para Attié, o fato não pode ser subestimado, pois faz parte de um padrão de violência política alimentado pelo ex-presidente.
"Essa bomba caseira não é algo para ser ridicularizado ou ignorado. Ela demonstra que essa extrema-direita, representada pelo bolsonarismo, ainda mobiliza seus seguidores com ideias falsas e sem fundamento", afirmou. Ele ressaltou que a tentativa de incriminar a esquerda com o atentado foi uma farsa evidente. "Escreveram uma mensagem sem relação com as pautas da esquerda, inseriram palavras e uma assinatura falsa. Tudo isso é uma estratégia para manter mobilizadas pessoas que já foram levadas a acreditar em teorias conspiratórias", criticou.
Attié alertou sobre a conexão entre essa radicalização e a atuação direta de Bolsonaro. "Ele continua incentivando esses atos, promovendo a desordem. Recentemente, disse ter alertado Donald Trump sobre uma suposta produção de bombas nucleares pelo Brasil. É uma mentira absurda, mas que reforça a intenção dele de manter seus seguidores inflamados", apontou. O desembargador também citou a liberdade concedida ao presidente do PL, Valdemar Costa Neto, pelo Supremo Tribunal Federal, como um fator que favorece a estratégia política do ex-presidente. "Bolsonaro e Valdemar seguem se reunindo para planejar ações políticas, como se ele ainda fosse um ator político lícito. Mas não é. Ele é um criminoso, denunciado por atentar contra o Estado Democrático de Direito", enfatizou.
Para Attié, Bolsonaro se aproveita da impunidade para manter sua relevância política, mesmo após sua condenação à inelegibilidade. O magistrado destacou que o ex-presidente segue participando ativamente da cena política, o que, para ele, é uma afronta às decisões judiciais. "Ele aparece em palanques, escolhe candidatos, fala em estratégias eleitorais. A inelegibilidade deveria afastá-lo completamente do ambiente político, mas, por alguma razão, ele segue atuando livremente", questionou.
Sobre as manifestações convocadas pelo bolsonarismo, Attié avaliou que tendem a ser esvaziadas, mas que a estratégia de manter o discurso ativo é o maior perigo. "Não acredito que essas manifestações terão grande adesão. O que preocupa é a insistência em um discurso de anistia, como se Bolsonaro e seus aliados não tivessem cometido crimes. Ele quer transformar um atentado contra a Constituição em um pedido de perdão, o que é um contrassenso. Como alguém que atacou a democracia pode ser anistiado em nome dela?", indagou.
Attié também traçou um paralelo entre a atual radicalização e os períodos que antecederam o golpe de 2016 e a ascensão do bolsonarismo. "Quando Dilma Rousseff sofreu o impeachment, muitos disseram que os manifestantes pedindo intervenção militar eram apenas uma minoria inofensiva. Hoje sabemos que essa minoria é perigosa e capaz de atos extremistas, como os ataques em Brasília no 8 de janeiro. Não podemos subestimar o impacto desses grupos", alertou.
Por fim, ele ressaltou a necessidade de uma resposta institucional mais firme para conter essa radicalização e impedir novos ataques. "A justiça precisa agir. A inelegibilidade de Bolsonaro deveria afastá-lo da política, mas ele segue articulando como se estivesse acima da lei. O Brasil precisa se proteger de novas ameaças ao Estado Democrático de Direito", concluiu. Assista:
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