Brasil deve fortalecer a Celac e jogar com EUA e China, como fez Vargas em 1945, diz Fernando Horta
Historiador destaca que Brasil precisa organizar área de previsibilidade para negociar com os BRICS, mas sem abandonar os Estados Unidos
247 – Em entrevista à TV 247, o historiador Fernando Horta analisou a nova guerra comercial deflagrada pelos Estados Unidos contra a China e advertiu que o Brasil deve adotar uma postura pragmática e estratégica diante do cenário global. Para Horta, o país precisa reforçar a integração regional por meio da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e construir uma área de previsibilidade econômica e política, a partir da qual possa negociar tanto com os BRICS quanto com os Estados Unidos. “É preciso criar um cordão sanitário na América Latina contra o trumpismo e suas políticas de guerra comercial contra o mundo”, afirmou.
Segundo ele, embora a China exerça um papel positivo na economia global e nas relações multilaterais, não deve ser tratada como panaceia. “A China não é a solução dos nossos problemas. Precisamos de medidas que aumentem a soberania brasileira, mas isso não tem a ver com nacionalismo barato”, disse, ao criticar a campanha do governo Lula intitulada “O Brasil é dos brasileiros”, por considerá-la limitada em sua formulação.
Horta traçou um paralelo entre o cenário atual e a posição do Brasil no fim da Segunda Guerra Mundial, sob o governo de Getúlio Vargas. “Estamos de novo naquela situação que o ex-presidente Getúlio Vargas viu em 1945, quando extraiu vantagens tanto dos Estados Unidos quanto da Alemanha. Ele soube jogar com as potências e posicionou o Brasil como ator estratégico no tabuleiro global”, relembrou. Segundo o historiador, o mesmo tipo de habilidade diplomática será necessário agora, diante do avanço do protecionismo norte-americano e da consolidação da China como potência econômica.
Por fim, Horta defendeu que os Estados Unidos não devem ser descartados pelo Brasil. “O foco do governo Lula não deve ser apenas a China. É preciso manter as pontes abertas com todos os atores globais, sem se alinhar cegamente a nenhum deles”, disse. Assista:
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