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    "Brasil pode viver o período mais funesto da história", alerta Roberto Tardelli sobre retorno da extrema-direita

    Advogado aponta risco de nova ditadura com viés religioso e avalia impacto das investigações contra Bolsonaro e militares

    (Foto: Divulgação)
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    247 - Em entrevista ao programa Boa Noite 247, o advogado Roberto Tardelli fez um alerta sobre os riscos de um eventual retorno da extrema-direita ao poder no Brasil. Para ele, um novo ciclo autoritário seria ainda mais severo do que a ditadura militar instaurada em 1964, desta vez com um forte componente religioso. “Nós vamos viver talvez o período mais funesto de toda a nossa história”, afirmou.

    Segundo Tardelli, a estrutura repressiva que marcou o regime militar nunca foi totalmente desmantelada, o que permitiu sua permanência dentro do aparato estatal. Ele destacou a continuidade de práticas violentas por parte das forças de segurança e alertou que, em um eventual governo da extrema-direita, esse poder poderia se consolidar ainda mais. “A ditadura escondia as pessoas e as jogava de avião. Agora estão matando abertamente, sem pudores”, denunciou.

    Tardelli também apontou o avanço da influência religiosa na política como um fator preocupante. “A ditadura de 1964 não teve esse traço religioso. Agora, eles vão agir em nome de Deus”, alertou. Ele comparou figuras-chave da extrema-direita atual com militares que lideraram o regime passado. “Por pior que tenha sido, não podemos comparar Golbery do Couto e Silva a Gustavo Gayer ou ao general Heleno”, afirmou.

    Outro ponto abordado pelo advogado foi a falta de controle sobre as forças policiais e o crescimento das milícias. “Quem diz que a milícia é um Estado paralelo não sabe o que está falando. A milícia é o Estado. Durante o dia, estão fardados de polícia; à noite, atuam como milicianos”, afirmou. Para ele, a ausência de punições aos torturadores da ditadura consolidou essa estrutura. “Eles se aposentaram em paz, sem jamais terem prestado contas”, criticou.

    O impacto das investigações contra Bolsonaro e militares

    Tardelli avaliou que a aceitação das denúncias contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados é um divisor de águas na política brasileira. Para ele, o avanço das investigações pode limitar a capacidade da extrema-direita de promover um novo ciclo autoritário. “Isso vai fazer refluir essa coisa da anistia e esse assanhamento da extrema-direita. Agora, todos são réus”, disse.

    O advogado previu que o desenrolar do caso levará a uma disputa entre os investigados. “Quando a denúncia for recebida – e será recebida, não tenho dúvida – vamos ter que distribuir senha para delatores. Eles vão se atropelar”, afirmou. Segundo ele, o descontentamento já é visível entre os militares envolvidos, incluindo aliados próximos de Bolsonaro. “A família do general Braga Netto está furiosa, porque esperava mais solidariedade do alto comando”, revelou.

    Sobre Bolsonaro, Tardelli afirmou que ele não tem estrutura para enfrentar uma prisão. “Ele é imprevisível. Já pulou até o muro da Embaixada da Hungria! Não sabemos o que fará no desespero, mas sabemos que ele é fraco. Ele não suporta a ideia de prisão”, disse. O advogado também destacou a possibilidade de fuga, mas apontou os desafios. “Ele teria que ir para a Rússia, para o Irã ou para a Arábia Saudita. A história de cidadania italiana não dá a ele esse poder”, pontuou.

    Por fim, Tardelli reforçou que a sociedade brasileira precisa estar atenta para evitar um novo retrocesso político. “Nós estamos escrevendo 2026 agora. Se não houver mobilização, estaremos de volta ao paleolítico”, alertou. Assista: 

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