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    Breno Altman: alta burguesia se afasta de Bolsonaro, mas não das reformas liberais

    Para jornalista, lideranças empresariais preferem se livrar do atual presidente e adiar embate contra Lula; veja vídeo na íntegra

    Jair Bolsonaro, Paulo Guedes e Breno Altman (Foto: ABr | Felipe L. Gonçalves/Brasil247)

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    Opera Mundi - O jornalista Breno Altman, fundador de Opera Mundi, disse no programa 20 MINUTOS ANÁLISE desta terça-feira (02/08) que representantes da "megaburguesia" brasileira abandonam Bolsonaro por desgaste com a instabilidade permanente, mesmo que essa movimento beneficie o ex-presidente Lula, diante do colapso de uma hipotética terceira via. 

    Altman argumenta que o cálculo de setores da vanguarda burguesa envolveria adiar para um segundo momento o embate contra as forças de esquerda, o sindicalismo e os movimentos sociais, ainda que buscando pressionar, desde já, por uma acomodação programática do PT às reformas liberais.

    As pistas sobre um possível desembarque têm surgido nas últimas semanas. O pretexto é o da defesa da democracia brasileira contra as ameaças golpistas de Bolsonaro. Lideranças empresariais de grande relevância, como Roberto Setubal e Pedro Moreira Salles (principais acionistas do banco Itaú), Horácio Lafer Piva (Klabin), Walter Schalka (Suzano) e Fábio Barbosa (Natura), assinaram a “Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito!”, que será lançada no próximo dia 11 de agosto, na Faculdade de Direito da USP.

    “Há um deslocamento notável contra Bolsonaro no interior das frações burguesas que mais o apoiavam até agora e fechavam os olhos para seus crimes”, avalia o jornalista. Ele lembra que representantes do capital financeiro, da burguesia comercial, da burguesia mineradora e até do agronegócio estão abandonando a “nau neofascista”, e o afastamento ultrapassa as fronteiras nacionais. Em resposta ao discurso de Bolsonaro para embaixadores lançando suspeitas sobre o processo eleitoral, a diplomacia norte-americana difundiu uma nota respaldando o sistema eleitoral brasileiro.

    Na avaliação do apresentador do 20 MINUTOS ANÁLISE, ainda que os estratos médios e baixos da burguesia sigam com o presidente, como explicitam as pesquisas eleitorais. De modo geral, a debandada dos donos do dinheiro grosso não é acompanhada por apoio explícito a Lula nem oferece críticas à política econômica do governo atual.

    O jornalista observa que o golpe de Estado de 2016 fracassou do ponto de vista estratégico, embora não tenha sido derrotado até o momento. Para ele, o objetivo da burguesia, ao suspender a ordem constitucional para se livrar do PT, era impor um governo provisório que implementasse a agenda neoliberal e em 2018 institucionalizasse esse processo através da eleição de um representante dos velhos partidos burgueses que lideraram o golpe. Ironicamente, o candidato favorito da burguesia e de seus partidos na eleição de 2018, Alckmin, é hoje candidato a vice de Lula. 

    “Deu tudo errado a partir de um certo ponto. A burguesia conseguiu derrubar Dilma, prender Lula, impor um governo Temer e sua agenda neoliberal, mas o comando do processo político e do próprio campo conservador transferiu-se dos partidos tradicionais para um grupo neofascista”, opina. 

    De início, os chefes da burguesia permaneceram abraçados ao bolsonarismo. Não era o que tinham imaginado como alternativa para o país, mas parecia dar certo no fundamental: expurgar o petismo da ordem política e impor as reformas liberais. “Quatro anos depois, no entanto, mesmo retendo uma terça parte do eleitorado, segundo as pesquisas, aos olhos da megaburguesia Bolsonaro se tornou disfuncional, perigoso, imprevisível”, analisa.

    Os planos desandaram mais ainda a partir da pandemia, com o desgaste cada vez maior do atual presidente, dentro e fora do país. “Ao contrário de estabilizar a situação política, fator essencial para o bom andamento dos negócios capitalistas, Bolsonaro passou a ser o principal veio de instabilidade, ao ponto de criar as condições para a recuperação política e eleitoral do seu arqui-inimigo, o PT de Lula”, diz Altman. 

    Caso a derrota de Bolsonaro se confirme, os passos seguintes da burguesia são previsíveis: “Tentar domesticar o eventual governo Lula ou levá-lo ao fracasso e à derrota a partir da recomposição pós-eleitoral do campo conservador”.

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