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"BRICS não devem repetir erros da ONU", alerta Amaury Chamorro

Consultor político destaca que Brasil não pode ser vetor de exclusão na América Latina e critica bloqueios econômicos impostos por EUA e União Europeia

(Foto: REUTERS | Divulgação )

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247 - Em entrevista ao programa Boa Noite 247, o consultor político Amaury Chamorro fez uma análise detalhada sobre a atuação do Brasil no bloco dos Brics, a ausência do presidente Lula na recente cúpula do grupo e as tensões globais envolvendo o bloco e outras potências internacionais. Segundo Chamorro, a ausência do presidente Lula não afeta a representação brasileira, já que o Brasil continua sendo representado pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o posicionamento do Brasil permanece alinhado às diretrizes estabelecidas pelo governo. "A presença do presidente Lula chama os holofotes do planeta inteiro para um encontro dessa magnitude", destacou.

Chamorro também abordou a importância dos Brics como o único bloco multilateral capaz de fazer frente à Otan, União Europeia e Estados Unidos, especialmente em um momento de tensões globais, exacerbadas por declarações da China sobre a questão de Gaza. "Os Brics hoje são a única organização multilateral que consegue fazer contraponto à Otan, à União Europeia e aos Estados Unidos", explicou. Para ele, a relevância do grupo está além das questões econômicas, envolvendo também aspectos geopolíticos cruciais, como o combate à desigualdade e à pobreza em países em desenvolvimento.

Um ponto central da análise de Chamorro foi sua preocupação com a possibilidade de os Brics se tornarem uma instância que reproduza os erros da ONU, especialmente o Conselho de Segurança, onde poucos países tomam decisões que impactam todos os membros. "Temos que ter cuidado para que os Brics não reproduzam esse mesmo molde, onde alguns países decidem pelo resto", alertou, referindo-se ao risco de hegemonia dentro do bloco.

Sobre a ampliação do grupo, Chamorro destacou os desafios de incluir novos países, especialmente da América Latina, como Venezuela e Nicarágua, que sofrem bloqueios econômicos severos por parte dos Estados Unidos e da União Europeia. "O Brasil não pode ser um vetor de quem pode ou não entrar nos Brics, especialmente países da nossa região", afirmou, alertando sobre os perigos de seguir uma lógica de avaliação moral e política similar à dos países ocidentais. "Negociamos com países do Oriente Médio onde não há democracia. Por que não podemos ter relações com a Nicarágua ou a Venezuela?"

Chamorro também questionou o papel dos Estados Unidos e da União Europeia em vetar países com regimes políticos diferentes, destacando que essas nações têm o direito à autodeterminação. "O Brasil, que sempre foi uma referência em termos de diplomacia internacional, não pode usar esse poder contra a integração da América Latina", reforçou.

Ao comentar a relação entre China e Rússia dentro dos Brics, o jornalista ressaltou que o bloco não é apenas uma organização econômica, mas sempre teve um caráter geopolítico, especialmente com a presença dessas potências. Ele mencionou a Rota da Seda e os investimentos da China na África como exemplos de cooperação que fortalecem a posição internacional do bloco contra o poder unilateral dos Estados Unidos.

Por fim, Chamorro elogiou a postura do presidente Lula em manter boas relações com diferentes blocos e países, sem ceder à pressão internacional. Ele destacou a importância do Brasil em continuar sua trajetória de integração com outros países e blocos, como os Brics, mas também preservando sua soberania. "O Brasil está correto em defender sua soberania e manter uma boa relação com todos os países do planeta, sem afetar nossas relações com parceiros econômicos como a China e os Estados Unidos."

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