"Campos Neto deveria ser chamado pelo Senado para explicar suas ações", diz Mantega
Ex-ministro Guido Mantega critica política monetária do Banco Central e sugere investigação pelo Senado
247 - Durante entrevista ao programa Boa Noite 247, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega criticou a condução da política monetária pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e sugeriu que o Senado abra uma investigação sobre sua gestão. Mantega apontou impactos econômicos negativos das recentes decisões da instituição e acusou Campos Neto de prejudicar a recuperação econômica do país.
“Acredito que Roberto Campos tem maioria e, portanto, tomou decisões que, a meu ver, são absurdas e sem sentido. Essas decisões deixaram perplexos não só os trabalhadores, mas também os empresários”, afirmou Mantega, referindo-se ao aumento da taxa de juros. Segundo ele, a medida “é truculenta, muito forte e injustificável”.
Mantega argumentou que o índice de inflação, atualmente em 4,77% ao ano, não justifica a elevação das taxas. Ele atribuiu a alta inflacionária a fatores como seca e aumento dos preços de energia e alimentos, ressaltando que não há pressão por demanda. “Não se combate esse tipo de inflação subindo a taxa de juros, principalmente porque se prevê uma boa safra em 2025, o que deve reduzir os preços dos alimentos”, explicou.
Além disso, o ex-ministro acusou Campos Neto de promover a desvalorização do real. “O Banco Central fez 113 intervenções no câmbio durante o governo Bolsonaro para evitar a desvalorização da moeda, mas fez apenas três no governo Lula”, disse. Para Mantega, essa postura favorece a inflação ao encarecer produtos importados.
Ele também levantou suspeitas sobre uma possível motivação política nas decisões do Banco Central. “O objetivo é claro: comprometer a economia em 2025, às vésperas das eleições de 2026”, declarou. “Roberto Campos parece estar sabotando a recuperação econômica do país.”
Mantega defendeu que o Senado tome medidas imediatas para apurar possíveis irregularidades. “Se isso se confirmar, sim, eu acho que deveria ser instaurado um processo investigativo, não só administrativo, mas também criminal, em relação a Roberto Campos Neto.” Ele também mencionou a possibilidade de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).
Concluindo sua análise, Mantega manifestou otimismo com a futura gestão de Gabriel Galípolo no Banco Central, destacando sua competência e a necessidade de uma política monetária mais equilibrada. “Certamente, não haverá rompantes como os atuais. Roberto Campos parece estar deixando uma herança maldita e sabotando o governo.”
A entrevista reforçou as críticas frequentes à independência do Banco Central e à condução da política econômica em um contexto de desafios internos e externos. Assista:
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