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    “CEO ganha milhões enquanto empresa vai à falência”, destaca César Calejon em análise sobre desigualdade no Brasil

    Em entrevista, Calejon comenta a retórica meritocrática e expõe como grandes executivos se beneficiam, enquanto a maioria da população luta para sobreviver

    (Foto: Divulgação )

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    247 - Durante uma análise contundente no programa Brasil Agora, o jornalista e escritor César Calejon destacou um exemplo chocante de como grandes executivos conseguem lucros exorbitantes, mesmo quando suas empresas enfrentam crises. Calejon citou o caso de um CEO da Natura que, entre 2020 e 2022, teria recebido aproximadamente 250 milhões de reais em salários, enquanto as ações da empresa despencaram cerca de 80% no mesmo período. O jornalista questiona como tais práticas são aceitas pela sociedade e como o discurso meritocrático é usado para justificar a disparidade de ganhos.

    Calejon aponta que essa situação é parte de uma lógica neoliberal que promove o individualismo e o empreendedorismo pessoal, tratando cada indivíduo como cliente ou empresário de si mesmo. “O neoliberalismo não é apenas um conjunto de políticas macroeconômicas, como desregulamentação e precarização, mas uma racionalidade que impõe a competição e a percepção de que cada um é responsável pelo seu sucesso ou fracasso, independentemente de seu contexto social”, afirmou ele, citando os autores Christian Laval e Pierre Dardot como base teórica dessa análise.

    Ele também criticou a maneira como figuras como Pablo Marçal e Jair Bolsonaro utilizam essa retórica para angariar apoio popular, vendendo a ideia de que, com esforço individual, todos podem ser bem-sucedidos. “Eles vendem a ilusão de que todos podem virar empresários, sem falar de políticas concretas de educação ou desenvolvimento”, destacou Calejon. 

    Para ilustrar o impacto dessa lógica, Calejon trouxe à tona o abismo entre a elite financeira e o restante da população. Segundo ele, há cerca de 200 bilionários no Brasil, enquanto mais de 160 milhões de pessoas lutam para sobreviver com o mínimo. “O sistema precisa justificar a desigualdade, e é isso que a meritocracia faz: reforça a ideia de que quem está no topo está lá por mérito, e quem está embaixo, por incapacidade.”

    Calejon encerrou sua análise enfatizando o caráter histórico dessa mentalidade elitista, que remonta a séculos de hierarquia social e cultural, onde a concentração de capital, poder político e midiático é vista como natural e imutável. “Esse modelo de sociabilidade justifica os ganhos exorbitantes dos CEOs e figuras como Marçal e Bolsonaro, porque, segundo essa lógica, eles seriam superiores por natureza, o ápice de um processo de evolução histórica.”

    A entrevista de Calejon oferece uma reflexão profunda sobre a estrutura socioeconômica do Brasil e como o discurso neoliberal contribui para a perpetuação da desigualdade. A crítica vai além das figuras mencionadas, abordando um problema sistêmico que precisa ser enfrentado para garantir uma sociedade mais justa e equitativa.

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