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Cúpula dos BRICS em Kazan será evento mais importante do ano, diz Pepe Escobar

Analista geopolítico diz que o encontro é crucial para a construção de um novo sistema financeiro internacional

Pepe Escobar | Bandeiras do Brics (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247 | Reuters)

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247 – Entre os dias 22 e 24 de outubro, Kazan, na Rússia, será o centro das atenções globais ao sediar a cúpula dos BRICS. Segundo o analista geopolítico Pepe Escobar, este será o evento mais importante do ano, com impactos que podem redefinir o sistema financeiro internacional. Em vídeo publicado no Pepe Café, Escobar afirmou que o encontro pode marcar o início de uma nova era, com a construção de um sistema financeiro alternativo ao dominado pelas potências ocidentais.

"O que vai acontecer em Kazan é um passo fundamental para a criação de um mundo multinodal, onde o Sul Global terá um papel central", destacou Escobar. Ele explicou que os membros do BRICS — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — estão empenhados em acelerar a criação de um sistema financeiro que não dependa das estruturas hegemonizadas pelo Ocidente, especialmente pelo dólar americano. "O poder hegemônico está absolutamente desesperado", disse o analista, referindo-se à reação das potências ocidentais ao movimento dos BRICS.

Novas propostas financeiras em pauta

Uma das principais inovações que estarão na mesa de discussão em Kazan é a criação da The Unit, uma nova unidade monetária que teria 40% de seu valor lastreado em ouro e 60% em moedas dos países-membros do BRICS. Segundo Escobar, essa proposta visa criar uma moeda imune às sanções e às flutuações dos mercados ocidentais, oferecendo uma alternativa robusta para o comércio entre as nações emergentes. "É um sistema super importante, sem interferência estrangeira e sem oscilação política", comentou o analista.

Outro ponto central será o avanço do sistema BRICS Bridge, que permitirá transações comerciais diretas entre os membros do bloco, sem a necessidade de utilizar o dólar. Essa iniciativa é baseada no modelo M-Bridge, já utilizado por países como Arábia Saudita e Tailândia, e visa fortalecer a autonomia financeira do grupo.

Novas instituições e independência econômica

A criação de uma agência de classificação de risco própria do BRICS também será tema prioritário na cúpula. O objetivo é estabelecer uma entidade que avalie o desempenho econômico dos países do bloco de forma independente, rompendo com a dependência de agências ocidentais como Moody's e Fitch. Segundo Escobar, essa agência seria um marco importante para garantir que os países emergentes não fiquem sujeitos às avaliações frequentemente enviesadas do sistema financeiro internacional.

Além disso, o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o banco do BRICS sediado em Xangai, também estará em foco, com mudanças significativas previstas para 2025, incluindo a nomeação de um novo presidente de origem russa. "Há uma expectativa de que o NDB se expanda e ganhe ainda mais relevância no cenário global, com uma atuação que possa competir diretamente com o FMI", revelou Escobar.

Com decisões cruciais à vista, a cúpula dos BRICS em Kazan promete ser um divisor de águas nas relações econômicas globais, e o desfecho dessas discussões terá repercussões para os próximos anos e décadas. "Essa é a oportunidade do BRICS de reescrever as regras do jogo global", concluiu o analista. Assista:

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