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    "Decisão de Biden é uma tentativa de escalar o conflito antes da posse de Trump", diz Breno Altman

    Jornalista analisa implicações geopolíticas da decisão dos EUA de autorizar uso de mísseis de longo alcance pela Ucrânia contra a Rússia durante o G20

    (Foto: Reuters | Divulgação )

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    247 - Em uma participação no programa Bom Dia 247, Breno Altman abordou a decisão do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de autorizar o uso de mísseis de longo alcance pela Ucrânia contra a Rússia, durante sua visita ao Brasil para a Cúpula do G20. Altman destacou a gravidade da medida e suas possíveis consequências geopolíticas, especialmente em relação à Rússia e ao cenário de transição política nos Estados Unidos.

    Escalada no conflito e legitimidade russa

    Para Altman, a autorização marca uma mudança significativa na condução da guerra. “A decisão de Biden de permitir o uso de mísseis de longo alcance é de extrema gravidade. Isso significa que a Ucrânia poderá atacar grandes cidades russas, o que Putin já declarou ser uma declaração de guerra não apenas da Ucrânia, mas dos países que a patrocinam.”

    Ele ainda enfatizou a legitimidade da resposta russa diante do ataque: “Moscou está legitimada a utilizar recursos equivalentes contra a Ucrânia. Se a Rússia for atacada com mísseis dessa magnitude, a resposta será a mais vigorosa possível, com armas não nucleares ou nucleares.”

    Implicações para o governo Biden

    Altman analisou o contexto político por trás da decisão de Biden, que ocorre a poucos meses do fim de seu mandato e em um momento de ascensão de Donald Trump. “Biden tenta criar uma situação irreversível, comprometendo os Estados Unidos com a guerra antes que Trump tome posse. É uma aposta para dificultar o caminho de Trump, que defendeu a negociação de um acordo de paz durante sua campanha.”

    Ele também pontuou o papel do complexo bélico-industrial norte-americano: “Essa decisão atende diretamente aos interesses do setor bélico-industrial e da estratégia de guerra dos Estados Unidos para conter sua perda de hegemonia.”

    Humilhação ao Brasil e impacto no G20

    Altman destacou a falta de consideração dos Estados Unidos ao anunciar a decisão em solo brasileiro durante a realização do G20. “É uma tentativa de humilhar o Brasil, o anfitrião da cúpula, ao fazer esse anúncio em Manaus, colocando o país em uma situação constrangedora diante da Rússia, que é integrante do G20 e do BRICS.”

    Ele acrescentou que a medida pode impactar diretamente as discussões do G20. “A reação de Serguei Lavrov, chanceler russo, é algo a se observar, pois isso pode criar tensões que comprometam o consenso final da cúpula.”

    Confronto global e posição brasileira

    Breno Altman contextualizou o conflito dentro de um cenário maior de disputa entre potências globais. “O mundo vive uma confrontação entre o sistema imperialista liderado pelos EUA, que está em declínio, e um conjunto de países liderados por China e Rússia, que rejeitam a hegemonia norte-americana.”

    Sobre o papel do Brasil, Altman afirmou que o país está em uma posição delicada. “A política de não alinhamento ativo, adotada pelo governo brasileiro, enfrenta dificuldades diante do aprofundamento das tensões. O Brasil precisa repensar sua estratégia para não perder protagonismo internacional.”

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