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    “É difícil para as pessoas terem a sua relação de pertencimento alterada de forma tão brutal”, diz psicanalista

    Christian Dunker aborda os impactos psicológicos das enchentes no Rio Grande do Sul e a importância do apoio coletivo para a superação dos traumas

    (Foto: Ricardo Stuckert/PR | Arquivo Pessoal)

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    247- Em entrevista ao programa Boa Noite 247, o psicanalista Christian Dunker abordou os impactos psicológicos das enchentes no Rio Grande do Sul, destacando a complexidade da situação enfrentada pelas comunidades afetadas. Dunker ressaltou a dificuldade de adaptação das pessoas a mudanças bruscas em suas relações de pertencimento.

    "É difícil para as pessoas e para as comunidades terem a sua relação de pertencimento alterada de forma brutal e imprevisível como a gente está vendo nessa grande tragédia climática. Isso tem um impacto traumático transversal e tende a tocar naqueles pontos vulneráveis que cada um já possui. Há um trabalho de acolhimento inicial, mas que demanda um grande esforço de sobrevivência subjetiva, nessa condição que a gente ainda atravessa."

    Dunker comparou a situação das enchentes a cenários de exílio forçado, enfatizando a importância do apoio coletivo para a superação de traumas. "Podemos comparar aquelas situações de exílio forçado onde você tem que reencontrar um ponto de segurança, um ponto de caminho em comum, de comunidade de apoio. Isso tem características peculiares neste caso, que levam em conta o papel resiliente e protetivo, de você ser realocado, ir para um ginásio, para um abrigo, mas ir com a sua família, ir com aquelas pessoas que lhe são próximas, daquele bairro, daquele município, é muito importante nessa hora."

    O psicanalista também abordou a capacidade de resiliência das pessoas diante de desastres ambientais, que é significativamente influenciada pela vivência coletiva da experiência. "Porque nós temos capacidade de sobreviver a devastações ambientais, mas essa capacidade está associada a se essa experiência é vivida de forma solitária, individualizada ou se ela é vivida no coletivo. Um coletivo que oferece uma espécie de recurso natural em termos de saúde mental para que esse evento de potencial traumático pela sua imprevisibilidade alcance as pessoas e possa ser enfrentado."

    Dunker destacou ainda o surgimento de redes de apoio e a prestação de serviços psicológicos à distância como elementos fundamentais para a saúde mental das vítimas. "A gente vê surgirem redes de apoio, pessoas que prestam serviços de natureza psicológica à distância, online. É importante notar que nessa hora tem alguém zelando por nós, tem alguém se preocupando conosco. Isso tem uma função simbólica."

    Por fim, o psicanalista mencionou a solidariedade nacional em resposta à tragédia no Rio Grande do Sul. "No caso do Rio Grande do Sul há a preocupação do Brasil, não apenas das autoridades federais, há uma preocupação generalizada, e isso tem chegado como mensagem para a população do Rio Grande do Sul, é um fator interessante, bonito e louvável nesse momento."

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